Pôsteres - Resumos



A IDEIA DE “BELO” E “FEIO” SOB A PERSCEPÇÃO E CONSTRUÇÃO DOS ALUNOS

Autora: Lenna Mayara Rodrigues de barros (bolsista PIBID/Letras-UFSCar)
Co-Autor: Tiago Henrique da Silva Gomes (bolsista PIBID/Letras-UFSCar)
Orientadora: Luzmara Curcino Ferreira (orientadora PIBID/Letras-UFSCar)
Letras/Espanhol - UFSCar
PIBID - CAPES

As atividades  trabalhadas em sala tiveram como tema  A IDEIA DE “BELO” E “FEIO” SOB A PERSCEPÇÃO E CONSTRUÇÃO DOS ALUNOS.  As atividades  se deram  de duas formas:  na teoria  e  na prática. Na teoria fizemos aulas expositivas e debates; a prática se constituiu da produção escrita de contos de fadas  a partir  de suas interpretações sobre o  “belo” e o  “feio”, tendo como base o conteúdo já apresentado teoricamente, através dessas produções foi-se  possível  questionar a motivação para tal  produção  e  a reescrita dos contos buscando corrigir erros  de linguagem e da norma padrão da Língua Portuguesa. Ainda na parte teórica foi realizado um pequeno comparativo entre a “flor de lótus” – que representa a deformação dos pés das mulheres chinesas no período da dinastia Song e o filme Shrek III. Utilizamos também como base teórica, três  artigos:  um artigo da Profª  Mestre  Ana Claudia Oliveira Fernandez Gil; outro da Profª  Drª  Bruna Longo Biasioli  e da Profª mestre  Gleisy Vieira Campos. Tendo como base o tema do conceito de “belo” e “feio” nos contos de fadas, foi possível realizar atividades escritas com os alunos, objetivando a criatividade deles; e a partir de daí conhecer o que eles assimilaram do tema debatido.  Eles escolheram seus títulos, suas princesas, seus mocinhos, seus castelos, e tudo mais que a imaginação dispusesse para pôr no papel.  Essas atividades escritas nos possibilitaram também trabalhar a reescrita, buscando a corrigir erros de através da norma padrão da Língua Portuguesa.  As atividades teóricas e práticas nos deram um aporte para a aprendizagem como um todo, através de discussões que visavam a participação em sala, a formação de opiniões próprias, a diferença entre a língua falada e a língua escrita através dos textos produzidos, deixando que eles mesmo se corrigissem numa reescrita utilizando a gramática normativa.  Todas as atividades contribuíram para o desenvolvimento cognitivo de cada aluno.

Palavras-chave: contos de fadas, padrões e mídia, Shrek e Fiona e “concepção de belo e feio”.


ESTUDO DO TEMPO E DO ESPAÇO EM JOÃO TERNURA, DE ANÍBAL MACHADO

Jonas Marques de Freitas. Prof. Dr. Adalberto Luis Vicente; jmf.massis@gmail.com, dal@fclar.unesp.br
Letras, Faculdade de Ciências e Letras – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

Este trabalho faz um estudo do único romance de Aníbal Machado, João Ternura, um romance atípico, iniciado por volta de 1926 e publicado apenas em 1965, após a morte de seu autor. Rompendo com a tradição, atitude bem modernista, João Ternura não é apenas prosa: há partes do livro que são poemas que refletem o interior da personagem, há cartas, há manifestos, etc. Nesse romance tão esperado pelo público, “[...] a inovação se faz presente, por exemplo, na ruptura do gênero, no uso de justaposições, pela fragmentação da narrativa, pela linguagem coloquial, dentre outros aspectos” (TEIXEIRA, 2005, p. 92). O objetivo desse estudo é mostrar como se configuram as categorias do tempo e do espaço nesse romance moderno, verificando o modo como esses elementos revelam a presença de fragmentação na obra. O estudo da obra teve início com a leitura de Introdução à análise do romance, de Yves Reuter (1995). Assim, com as noções introdutórias dos elementos da narrativa, foi possível destacar dois desses elementos para serem estudados mais profundamente. Para haver base para analisar o romance, foi feita a leitura de Guia prático de análise literária, de Massaud Moisés (1970). Além disso, para uma melhor compreensão sobre o livro e seu autor, foram lidos também a dissertação João Ternura: romance de uma vida, de Teixeira (2005), e os textos que introduzem o romance de Machado (1965), um de autoria de Renard Perez, e outro de Otto Maria de Carpeaux. Para melhor compreensão sobre espaço e tempo, forma lidos textos teóricos de Rosenthal (1975), O Universo fragmentário, e de Nunes (1988), O tempo na narrativa. O estudo sobre espaço e tempo ainda está em fase inicial, portanto não há muitos resultados a serem apresentados. Percebe-se logo que uma análise linear do livro é quase impossível, devido à fragmentação presente na obra. É possível observar que “o espaço dilata-se cada vez mais [...], e a concepção de tempo dilui-se na irrealidade” (ROSENTHAL, 1975, p. 53). Esses fenômenos se manifestam na própria estrutura fragmentada da obra, que traz ao leitor a visão de mundo de João Ternura, o homem moderno no mundo. Sobre sua obra, Machado (1965, p. 5) afirma: “Tratando-se de livro que não é romance no conceito usual da palavra, fiz o possível usando elipses e equilibrando planos, por assegurar-lhe certa unidade de composição sob a descontinuidade aparente dos fragmentos”. Fragmentos esses que retratam João, que vai, que vem, some, isola-se. Retratam também seu mundo, ou o seu não lugar nele, já que estava sempre desencontrado. O romance, por ser uma obra moderna, apresenta de modo fragmentado as categorias de tempo e espaço no corpo da narrativa, para assim conseguir retratar o homem moderno.

Palavras-chave: Tempo. Espaço. João Ternura.


EPPUR SI MUOVE: MEMÓRIA, HISTÓRIA E BRICOLAGE NA OBRA DE IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO

SILVEIRA, Raquel Mariane da (autora); ROCHA, Rejane Cristina (orientadora)
silveira.raquelm@gmail.com; rjncris@gmail.com
Curso de Letras, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)

O presente trabalho é um dos frutos da pesquisa intitulada São Paulo do Brasil: A representação da metrópole pós-utópica em Não verás país nenhum de Ignácio de Loyola Brandão, iniciada em julho de 2015 e desenvolvida com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, com o objetivo de problematizar o olhar do autor contemporâneo em relação à metrópole paulista, considerando o contexto social, político e ideológico em que se deu a produção desta obra, publicada em 1981, e o modo como tais questões foram absorvidas pela economia narrativa. Objetivos: Debruçando-se sobre o presente trabalho, parcela da referida pesquisa, tem-se como principal objetivo a problematização da relação dialética entre realidade e ficção, presente na obra de Loyola Brandão, bem como a linha tênue que separa a ambas, e o modo como isto é vinculado em seu fazer literário. Deste modo, esta relação é analisada tendo por base o termo bricolage, utilizado pelo antropólogo Claude Lévi-Strauss em O pensamento selvagem (1962) e que designa o trabalho realizado pelo bricoleur – aquele que não opera com matérias-primas, mas sim com fragmentos de coisas pré-estabelecidas, sobras ou pedaços. Metodologia: Para tanto, faz-se necessária a compreensão da geografia pessoal do autor e do itinerário realizado por ele ao longo de sua produção, no qual destacam-se a pequena Araraquara, a grande São Paulo e a distante Berlim, cidades que embora distintas configuraram-se igualmente como material temático em sua obra e são analisadas quanto às experiências urbanas que estas ofereceram ao autor. Faz-se necessária também a problematização de questões políticas e ideológicas referentes ao período da produção de Loyola Brandão que influenciaram a estética de muitos de seus textos, considerando principalmente o período ditatorial militar, a instauração e gradativa consolidação da censura, e o esmaecimento da figura do artista frente ao censor. Resultados: Tem-se como principais resultados da problematização sugerida, a confirmação da obra loyolana como um documento de valor social e estético para a literatura brasileira contemporânea, o que foi possibilitado pela busca do autor em documentar o período por ele vivenciado ao longo de sua produção, fosse através de diários, anotações, mapas, fotos ou artigos de jornais. Além disso, comprova-se também o papel decisivo do autor enquanto jornalista, o que o influenciou diretamente na composição de seus livros Bebel que a cidade comeu (1968), Zero (1975) e Não verás país nenhum (1981).

Palavras-chave: Bricolage. Cidade. Ignácio de Loyola Brandão. Jornalismo. Literatura brasileira contemporânea.


RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE A ATUAÇÃO DE BOLSISTAS NO
PROJETO CIDADANIA E JUSTIÇA NA ESCOLA

Camila Ribeiro Corrêa de Moraes camilarcmoraes@hotmail.com
Marcela Suardi da Cunha marcelacunhaletras@live.com
Orientadora Profa. Dra. Luzmara Cursino Ferreira luzcf@hotmail.com
Licenciatura Plena em Letras – Universidade Federal de São Carlos
CAPES

Essa comunicação analisa nossa atuação como bolsistas do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) no projeto Cidadania e Justiça na Escola, uma iniciativa desenvolvida pela ABM (Associação Brasileira de Magistrado) para os alunos do 6o ano da rede pública de ensino, com o intuito de ensinar os direitos e deveres do cidadão brasileiro a partir da Cartilha da Justiça. O trabalho foi desenvolvido na Escola Estadual Dona Aracy Leite Pereira Lopes, sob a direção de Vera Lúcia Fregolente Chaves, a coordenação de Noêmia da Silva, a supervisão de Idelma Inhã Dias e a orientação de Luzmara Cursino Ferreira, professora doutora do departamento de Letras da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). A professora da Sala de Leitura, Ana Silvia Sholl, foi responsável pelo desenvolvimento e execução do projeto, em parceria com a professora de Artes, Meire de Fátima Silva Vieira, e os alunos dos 6o ano A e 6o ano B. Assim, o objetivo inicial do nosso trabalho foi ensinar aos educandos os conceitos de direitos, deveres, cidadania, solidariedade, entre outros; propiciar aos mesmos uma boa leitura e interpretação da Cartilha da Justiça, contextualizando os exemplos citados no material e promovendo discussões; confecção de cartazes juntamente com a professora de Artes, para enfeitar a escola no dia da visita do juiz André de Macedo, diretor do fórum de São Carlos, e seus convidados; e, como objetivo primordial do PIBID Letras, organizamos oficinas de redação com ambas as turmas a fim de retomar o conhecimento adquirido durante os meses de estudo da Cartilha e melhorar suas competências em Língua Portuguesa. O término do projeto se deu com a visita do juiz André de Macedo à escola, onde os alunos fizeram uma breve apresentação de alguns dos conteúdos trabalhados. Nossa atuação superviosionada na escola rendeu bons frutos em nosso aprendizado como graduandas em um curso de licenciatura, pois nos proporcionou vivenciar situações cotidianas do ambiente escolar e também pudemos observar de perto muitos dos conteúdos da educação aprendidos por nós aqui na universidade em prática. Por isso concluímos que ter tido a oportunidade de participarmos nesse projeto foi uma experiência sem dúvida muito enriquecedora.

Palavras-chave: PIBID, Cidadania e Justiça na Escola, Língua Portuguesa, Cartilha da Justiça, Ensino Fundamental.


MÁSCARAS FEMININAS: AS FIGURAÇÕES DA PROSTITUTA E DA LÉSBICA EM HENRIQUETA EMÍLIA DA CONCEIÇÃO, DE MÁRIO CLÁUDIO

Sacilotto, Luana. (IC - CNPQ); Valentim, Jorge Vicente. (O);
lulisacilotto@gmail.com
Departamento de Letras, Universidade Federal de São Carlos.

Este trabalho tem como intuito apresentar o projeto de pesquisa Máscaras femininas: a figuração da prostituta e da lésbica em Henriqueta Emília da Conceição, de Mário Claúdio (PUIC/CNPq). O objetivo é analisar o processo de efabulação das personagens femininas, Henriqueta Emília da Conceição e Teresa Maria de Jesus, inseridas na obra dramática. Por meio de uma análise de cunho sócio-histórico, o estudo procura pontuar os aspectos estéticos de construção das personagens femininas e homoafetivas, demonstrando como se articulam as máscaras da figuração feminina dentro da sociedade portuguesa regida pelo patriarcado no contexto Pós-Guerra Civil (1828-1834). Neste Portugal em efervescência, porém, ainda assim, opressor, a prostituição de mulheres era vista como fenômeno de escória social. Transportando para as malhas da ficção, Mário Cláudio aproveita este contexto para ficcionalizar as maneiras como tais incidências interferem nas histórias dessas duas personagens, marcadas pelo trágico. A metodologia será a análise textual da peça, entendendo-a como um constructo literário. É no texto que este projeto reside, e não no espetáculo. A partir de um ponto de vista feminista e dissertativo em torno da mulher, como os desenvolvidos por Simone de Beauvoir (2014), Ruth Silviano Brandão (2006) e Marilena Chaui (1984), buscaremos traçar um diálogo com a Teoria do Teatro Moderno, de Peter Szondi (2003), bem como com as ideias do ensaísta português Pedro Barbosa (1982). O corpus passará por dois níveis de análise: um focado no elemento externo (o social e o histórico) e no que isso infere na dramaturgia, considerando o período estudado; e, outro, na efabulação das máscaras femininas e o papel desempenhado pelas personagens. O trabalho está em andamento e se espera dos resultados um ensaio de crítica sobre tal construção das personagens femininas, vistas por um criador masculino (Mário Cláudio), focalizando nossa análise nos papéis sociais desempenhados por elas, seja pelo viés da mulher prostituta, seja pelo viés da mulher lésbica. Daí a nossa preocupação em procurar estabelecer um vínculo possível daquele aparato crítico-teórico feminista, com as reflexões acerca do teatro moderno, procurando unir as inquietações da ficcionalização do gênero com as implicações estéticas do drama.

Palavras-chave: Mário Cláudio. Teatro. Crítica feminista. Homoafetividade. Literatura.


O HIPERMIMETISMO COMO CHAVE DE LEITURA PARA A ANÁLISE LITERÁRIA DE O CHEIRO DO RALO, DE LOURENÇO MUTARELLI

Arthur Dias de Souza, Rejane Cristina Rocha; arthrp@gmail.com, rjncris@gmail.com
Licenciatura em Filosofia, UFSCar
FAPESP

Em busca do que tenha sido o realismo do século XIX e as transformações que ele trouxe para a concepção de representação do real, procuramos compreender qual é a mediação existente entre a obra literária e a realidade através do conceito de mímesis. Para tanto, a concepção de Tânia Pellegrini (2009) de um conjunto de refrações realistas que atravessam a literatura brasileira, fundamentadas na tensão entre a possibilidade de liberdade subjetiva em uma situação de não liberdade objetiva, estabelece parâmetros para compreendermos de que modo algumas obras da contemporaneidade brasileira são classificadas como neorealistas. Este trabalho se atém para o que Alfredo Bosi (2002) classifica como hipermimetismo, modo de representação literária próprio da cultura de massa. O hipermimetismo é, à primeira vista, característico de uma literatura de apelo e sem mediações, em que efeitos especiais, no limite do que a linguagem escrita permite, ditam o ritmo de leitura do indivíduo-massa. A partir da análise literária do romance de Lourenço Mutarelli, O cheiro do ralo (2011), procuramos avaliar as características de escrita que o enquadrassem na concepção hipermimética de escrita, apontando as transformações da concepção de mímesis dos primeiros escritores do Realismo Histórico. A discussão presente nas vanguardas modernistas acerca da importância do ponto de vista subjetivo na literatura e da transformação da linguagem descritivista dos primeiros realistas trouxe desde o período moderno uma desconfiança em relação a esta maneira de representar o real. Por outro lado, a objetividade volta a afetar o sujeito no período da cultura de massa, em que o pano de fundo midiático estabelece uma busca pela “vida real” que toma sempre o corpo presente como eixo, de acordo com Schollhammer (2009), em situações como notícias em tempo real, reality shows e programas de auditório. Desse modo, avaliamos como Mutarelli desenvolve mediações literárias que são mobilizadas para uma leitura mais imediata, mas que são capazes, ao mesmo tempo, de fornecer uma experiência estética nova, que incorpora o processo de alienação do indivíduo na cultura de massa e sua não liberdade na sociedade de consumo brasileira, através de técnicas de escrita que combinam representação e não representação (SCHOLLHAMMER, 2012). A busca por efeitos que não sejam baseados unicamente em uma linguagem representativa discute o próprio conceito de representação, ao passo que nos levam a repensar o próprio campo do que seja o literário, através de uma linguagem que esconde o caráter ficcional da narrativa, mas que o reforça por meio da exposição do imaginário estereotipado da cultura de massa.

Palavras-chave: Mímesis. Hipermimetismo. O cheiro do ralo. Lourenço Mutarelli.


A INFLUÊNCIA NO HÁBITO DA LEITURA E SUAS POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS

Anaíle Duarte - anaile@outlook.com
Letícia Romer - leticia_lmr94@hotmail.com
Isadora Valencise Gregolin -  isadora.gregolin@gmail.com
Carlos Eduardo Covre - ducovre@gmail.com
Letras – UFSCar
(CAPES/PIBID-UFSCar)

O objetivo desse trabalho é apresentar os resultados de pesquisa desenvolvida no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID/UFSCar), com o intuito de discutir as concepções de alunos de uma escola do interior de São Paulo sobre a importância da leitura. O PIBID tem como objetivo a articulação entre formação inicial e continuada, com a implementação de ações que contribuam com a formação de futuros professores em parceria com professores de escolas públicas. Embasados nesta função, foi realizada uma pesquisa com 41 alunos de uma escola de São Carlos. Como etapas metodológicas, foram utilizados como instrumentos de coleta de dados um questionário sobre hábitos de leitura e uma produção textual. A análise buscou verificar as relações entre hábitos de leitura declarados pelos alunos e o tipo de produção apresentada. Partimos do pressuposto de que a tarefa de formação de leitores não é fácil, exige tempo e dedicação do professor e do aluno e, para que haja leitura e interpretação efetivas, não basta apenas a decodificação das palavras. O sentido de um texto implica que o leitor faça suas inferências e este o faz com suas bases de conhecimento de mundo e informações sobre o assunto e o gênero (GERALDI, 2009; KOCH, 2008; MARCUSCHI, 2008). Os resultados de nossa pesquisa levantaram questões muito pertinentes ao tema, tal como a falta de incentivo à leitura e falta de interesse por parte dos alunos como possíveis fatores relacionados com qualidades dos textos produzidos. Portanto, como encaminhamento a partir dos resultados verificados, foi pensada a criação de um projeto para o próximo semestre, que consistirá na implantação de uma oficina de leitura, cujo objetivo será desenvolver o interesse pela leitura no aluno, bem como sua criatividade e escrita. Os trabalhos desenvolvidos até o presente momento permitiram evidenciar certa resistência por parte dos alunos, muita dificuldade interpretativa tanto nos textos quanto nas propostas de produção textuais. A oficina de leitura, além de trabalhar a capacidade interpretativa do aluno, permitirá também a aplicação e fixação dos conceitos gramaticais, sobretudo levando em consideração o incentivo à leitura e para isso há a necessidade de buscar metodologias diversificadas para que se obtenha o interesse dos alunos.

Palavras-chave: ensino; leitura; hábito.


DESENVOLVIMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM CURSO DE ESPANHOL A PARTIR DO TEMA CONSUMISMO

Laís Denise (laisdeniseams@yahoo.com.br)
Nair Renata Amâncio (nairrenataamancio@gmail.com)
Yara Gulharo (yaragulharo@yahoo.com.br)
Isadora Valencise Gregolin (isadora.gregolin@gmail.com)
Licenciatura em Letras – UFSCar
(CAPES/PIBID-UFSCar)

Este trabalho apresenta resultados da pesquisa desenvolvida no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID/UFSCar), cujo objetivo foi discutir questões relacionadas ao ensino e aprendizagem de língua espanhola por meio da temática Consumismo. Metodologicamente, foram elaboradas atividades didáticas de língua espanhola a partir da proposta de Leffa (2003) que, posteriormente, foram trabalhadas junto a um grupo de alunos da escola pública estadual Orlando Perez. Após a implementação, procedemos às análises das produções dos alunos, análises que buscaram avaliar em que medida as estratégias utilizadas haviam contribuído para o trabalho significativo com a língua estrangeira e com o desenvolvimento de senso crítico sobre o tema transversal consumismo (BRASIL, 1999). As análises das produções em língua estrangeira dos alunos evidenciaram que estes puderam construir conhecimentos na língua estrangeira, o que certamente contribuiu para o desenvolvimento de suas identidades enquanto falantes estrangeiros. Como resultado, pudemos constatar que o trabalho temático com o ensino de língua estrangeira, no caso a espanhola, pode ser uma alternativa viável para ajudar os alunos a desenvolverem uma visão crítica da língua e culturas estrangeiras, o que possibilita uma abordagem que não seja apenas instrumental. Enquanto futuras professoras de línguas, em nosso contexto, a experiência de desenvolver e implementar atividades e avaliar o processo também permitiu uma melhor compreensão sobre os aspectos envolvidos com cada contexto de ensino, dadas suas necessidades e especificidades.

Palavras-chave: consumismo.espanhol. ensino.temas transversais.


GOSTO SE DISCUTE? A SEMÂNTICA DOS PREDICADOS DE GOSTO PESSOAL

Marina Nishimoto Marques (mnmarques94@gmail.com)
Orientador: Renato Miguel Basso (rmbasso@gmail.com)
Letras – Universidade Federal de São Carlos
FAPESP

Em Context dependence, agreement, and predicates of personal taste (2005), Peter Lasersohn chama atenção para a semântica de certos predicados relacionados ao gosto pessoal do falante. Para o autor, o principal problema colocado por esses predicados é o fato de eles gerarem desacordos que, aparentemente, não podem ser resolvidos entre os falantes, ou seja, nos quais nenhum dos falantes envolvidos está proferindo algo falso, mesmo que um contradiga diretamente o que o outro fala. Um exemplo de diálogo em que tal fato ocorre é, por exemplo, alguém dizer “Esse bolo é gostoso” e outro contestar com “Não, esse bolo não é gostoso!”. Esse fenômeno é conhecido na literatura como faultless disagreement. Assim, o objetivo deste projeto é verificar como a literatura trata esses tipos de construção e como ela resolve semanticamente os problemas gerados por eles (em especial, o faultless disagreement), além de diferenciar esses predicados de outros tipos de predicados subjetivos. Além disso, observamos que os trabalhos estudados sobre esse tema são de língua inglesa, e, portanto, há neste projeto também uma tentativa de reproduzir esses mesmos fenômenos e suas resoluções em português brasileiro. Segundo a prática da semântica e pragmática formais, nossa metodologia de análise é hipotético-dedutiva. Contamos com bibliografia e as intuições do falante nativo para avaliar as teorias que encontramos na literatura com as quais trabalhamos e também para avaliar nossas hipóteses para o tratamento dos fenômenos estudados em português brasileiro. Verificamos que há dois tipos principais de teorias que tentam resolver os problemas trazidos por esses predicados: um deles envolve a adição de um parâmetro de juiz ao índice kaplaniano que avalia o valor de verdade das sentenças, enquanto o outro tipo de abordagem não usa o juiz. Também observamos que esse tipo de construção, em todas as abordagens que estudamos para este projeto, se relaciona muito de perto com os indexicais e, portanto, que é necessária uma noção de teoria indexical para se entender o que a literatura desenvolve sobre os predicados de gosto.

Palavras-chave: Semântica. Predicados de gosto. Indexicais. Faultless disagreement. Predicados vagos.


OS DOMÍNIOS DISCURSIVOS DO LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA ESPANHOLA NA FORMAÇÃO DO SUJEITO-ALUNO

Vitor Pereira Gomes (vitorpg9@gmail.com)
Fernanda dos Santos Castelano Rodrigues (fecastel@gmail.com)
Licenciatura em Letras Português e Espanhol — UFSCar

Trata-se de uma discussão sobre o trabalho de conclusão de curso intitulado ‘Gêneros discursivos e ensino de língua espanhola: contrastes da teoria à prática pedagógica’. O exercício colocado é uma observação do funcionamento das práticas de linguagem que ocorrem no processo de inscrição na língua espanhola (especificamente, escolar) baseado nas teorias dos gêneros discursivos, com o ferramental da Análise do Discurso de linha francesa. Quais os domínios discursivos mais presentes na prática escolar, quais as possíveis causas e consequências dessa disposição para a formação dos sujeitos e para a organização social a que eles pertencem foram algumas das questões motivadas durante o processo de conhecimento do objeto. Os capítulos primeiro e segundo procuraram uma aproximação aos conceitos da Análise do discurso de linha frencesa e, a partir destes, fizeram uma revisão bibliográfica das teorias que vem se preocupando pelo funcionamento de gêneros discursivos. Dentre os conceitos, os mais frequentes são a desgeneralização, a inscrição, as condições de produção, a constituição do sujeito, o modelo fractal, os transportes linguísticos. Na sequência, o capítulo terceiro se  reserva a analisar o trabalho com leitura e produção de textos no ensino de língua espanhola realizado por meio da apresentação de gêneros discursivos nessa língua, em livros didáticos para ensino médio aprovados no PNLD 2015. Para o refinamento da pesquisa, resolveu-se trabalhar com uma classificação quantitativa e qualitativa do que Marcuschi (2011, p. 194) organizou como os domínios discursivos. Dos resultados observados, oportunamente, citam-se: uma forte presença de gêneros discursivos que já fazem parte do conhecimento dos alunos, recorrências de desgeneralizações forçadas sem (ou em raras) correspondências às realizações da língua. As considerações finais estão equacionadas pelos dois momentos do trabalho, quando os autores colocaram em relação essa análise com a revisão bibliográfica.

Palavras-chave: Domínios discursivos. Gêneros discursivos e ensino. Ensino de língua espanhola. PNLD de língua espanhola.


UMA POSSÍVEL (RE)CONSTRUÇÃO CANÔNICA: HOMOEROTISMO NO ROMANCE RETRATO DE RAPAZ, DE MÁRIO CLÁUDIO

Autor: Renan Augusto Barili (renan.augusto.barili@gmail.com)
Orientador: Dr. Jorge Vicente Valentim (jvvalentim@gmail.com)
Letras: Português/Espanhol – Universidade Federal de São Carlos

Esta pesquisa objetiva analisar o romance Retrato de Rapaz, do escritor português Mário Cláudio, procurando observar as ocorrências e representações das relações homoeróticas como forma de criticar e reconstruir um cânone. O romance, lançado em 2014, é o segundo livro pertencente a uma “Trilogia dos afetos”, que visa retratar relações afetivas entre pessoas com idades muito distintas. Essa trilogia iniciou-se em 2008 com a publicação da novela Boa Noite, Senhor Soares e encerrou-se este ano com a obra O Fotógrafo e a Rapariga. O romance escolhido a ser trabalhado neste projeto detém-se na relação entre o artista renascentista Leonardo da Vinci e um dos seus discípulos, Gian Giacomo Caprotti da Oreno, apelidado por Salai pelo seu protetor. A análise partirá das relações homoeróticas construídas entre os personagens, sendo que inicia-se quando Salai é deixado no ateliê do pintor com apenas dez anos de idade e torna-se, não somente para Leonardo da Vinci, mas para muitos outros aristocratas, o grande objeto de desejo e fantasias sexuais da época. O homoerotismo apresentado no romance explicita de forma clara o interesse de Leonardo da Vinci por Salai, nos dando a possibilidade de criticarmos e reconstruirmos a sua imagem como cânone, partindo do questionamento de sua sexualidade como forma de inserção de um ícone homossexual e rompimento com a heteronormatização existente, além de discutir a maneira como as fronteiras entre a ficção e a biografia fluem-se na obra. Vale destacar, por fim, que, com este romance, Mário Cláudio venceu o Grande Prêmio de Romance e Novela da APE (Associação Portuguesa de Escritores), em 2014.

Palavras-chave: Homoerotismo, Ficção portuguesa contemporânea; Mário Cláudio; Reconstrução canônica


A MATERIALIZAÇÃO DE UM PLANEJAMENTO TEMÁTICO BASEADO EM TAREFAS EM CONTEXTO DE FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES

Marina Pereira Carandina - mah_carandina@hotmail.com
Rita de Cássia Barbirato Thomaz de Moraes - ritabarbi.m@gmail.com
Letras- UFSCar
CNPQ

Nesta pesquisa, buscamos analisar um professor pré-serviço aluno do curso de Letras que ministra aulas em um projeto de extensão afim de melhor compreender como ele pode concretizar os princípios do planejamento temático baseado em tarefas em sala de aula. Procuramos analisar como o professor engajado em uma prática de ensino diferenciada, em que o foco está no sentido e no uso comunicativo da língua alvo por meio de interações significativas, lida com o uso de tal planejamento. A análise de dados foi realizada a partir da observação e posterior gravação de aulas (ministradas pelo professor analisado), uma entrevista elaborada pela pesquisadora e um questionário semiestruturado respondido pelo professor. Procuramos relacionar os dados coletados com a teoria que fundamenta esta pesquisa (a teoria do planejamento temático baseado em tarefas defendida por Barbirato(1999,2005), Xavier(1999),entre outros) com o objetivo de elencar categorias de análise. Concordamos, portanto que a análise de dados está dividida em três etapas. A primeira etapa refere-se a relação do professor pré-serviço com o planejamento referido por esta pesquisa. A segunda etapa apresenta as fases de uma aula típica de um PTBT e mostra como o professor atuou durante suas aulas dentro deste planejamento. A terceira etapa apresenta o ensino da gramática realizado pelo professor pré-serviço durante as aulas observadas. Após a realização deste estudo consideramos que esta pesquisa pode contribuir para futuras pesquisas na área de linguística aplicada em contexto de formação de professores. Em relação às aulas do professor observado concluímos que ele mostrou uma dificuldade em materializar os princípios deste planejamento, principalmente em relação ao conteúdo. Concordamos que isto esteja diretamente ligado à abordagem deste professor (ALMEIDA FILHO, 1993), abordagem essa que não está voltada para o ensino temático e que é determinante para as ações do professor. Concluímos, portanto que é um desafio para o professor materializar os princípios do PTBT. Não é uma tarefa fácil e mesmo que o professor conheça a teoria, sua abordagem tem uma força grande mostrando estar voltada para a prática estrutural. Apontamos para a prática reflexiva cada vez mais presente nos cursos de formação como um fator com grande potencial para contribuir para que professores possam vencer os desafios encontrados na materialização de um PTBT.

Palavras-chave: Formação de professores, Planejamento Temático, Tarefas, Professor pré-serviço, Abordagem Comunicativa.


A PRONÚNCIA DA LÍNGUA INGLESA EM CONTEXTO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Thiago Alcebíades Oliveira (talcebiades@gmail.com
Sandra Regina Buttros Gattolin (sandragattolin@gmail.com)
Licenciatura plena em Letras Português/Inglês; UFSCar
PIBIC/CNPq

Conforme atestado por muitos estudiosos, a variedade oral de LI tem sido negligenciada nos cursos de Letras no Brasil em detrimento da variedade escrita. A pronúncia, portanto, inserida na oralidade e parte da competência linguística do professor, também se revela prejudicada, de maneira que raramente se encontra registros de disciplinas voltadas à habilidade oral nas licenciaturas do país. Este trabalho teve como mote, então, a investigação do tratamento dado ao desenvolvimento da pronúncia em língua inglesa em um curso de Letras com habilitação em Português/Inglês de uma universidade federal do interior do estado de São Paulo a fim de constatarmos como a prática de expressão oral tem sido exercida na disciplina de habilidade oral. Entende-se que o caráter desta pesquisa foi estritamente qualitativo, uma vez que atentou para os desdobramentos dos eventos sociais, bem como de suas crenças e motivações. Como instrumento de coleta de dados, foi desenvolvido um questionário de oito questões a variar entre questões dissertativas e questões de múltipla escolha que foi, por sua vez, respondido por 41 alunos do primeiro ao terceiro ano do referido curso. A análise dos resultados deu conta de revelar cenário distinto ao registrado em estudos recentes e outros anteriores. Neste, a atenção à variedade oral do idioma foi registrada desde a existência de uma disciplina dedicada a ela prevista no currículo do curso. Não o bastante, as concepções dos participantes da pesquisa tenderam ao que se consideraria minimamente ideal, se se toma em consideração asserções acerca da oralidade e pronúncia da língua inglesa em contexto de formação de professores feitas na literatura. A procedência dessas ultimações incide fortemente no insumo teórico-prático a que os participantes desta pesquisa foram expostos, e isto porque se pôde notar uma curva conceitual do primeiro ao terceiro ano em que, na medida em que se avançava, as impressões e crenças dos professores em formação tenderam ao minimamente acertado no que se refere aos aspectos relacionados à pronúncia da língua inglesa.

Palavras-chave: Oralidade. Pronúncia. Formação de professores.


A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE POR MEIO DO ESPAÇO TEMPORALIZANTE DO SERTÃO EM NOSSOS OSSOS, DE MARCELINO FREIRE

Autor: Moacir Faber Calarga (moacircalarga@hotmail.com).
Orientadora: Juliana Santini (jsantini@fclar.unesp.br).
Letras - UNESP-ARARAQUARA
FAPESP

Este projeto de pesquisa possui o objetivo de analisar como o romance Nossos ossos, publicado em 2013 por Marcelino Freire, está inserido na retomada do sertão que a ficção brasileira contemporânea vem construindo nas últimas décadas. O projeto prevê a problematização do trânsito de personagens na narrativa e a dimensão subjetiva da viagem como figura estruturante do enredo, e como os conceitos de espaço, lugar, tempo e mobilidade podem auxiliar na compreensão desses aspectos. É a partir desse deslocamento de personagens, saindo do sertão e voltando a ele, que se constrói uma relação entre tempo e espaço que faz do sertão um espaço temporalizado de experiências de sujeitos cujas identidades também se mostram em trânsito. Assim os objetivos propostos para esta análise são; investigar de que o modo o sertão é representado no romance a partir de dois movimentos: o transito de personagens que deixam o sertão e migram para São Paulo e a viagem de retorno desses mesmos personagens ao seu local de origem depois da morte; discutir de que modo o trânsito e o motivo da viagem se constroem na narrativa, articulando-se ao movimento dos personagens e aos significados atribuídos ao espaço do sertão; problematizar, por meio da análise da relação que se estabelece entre personagem e espaço na narrativa, a representação do sertão como território simbólico e cultural; observar como se realiza a retomada da representação do sertão na ficção brasileira contemporânea, problematizando o lugar ocupado pelo romance de Marcelino Freire nesse conjunto mais amplo. O projeto encontra-se na primeira etapa da pesquisa que compreende a leitura e o fichamento de textos teóricos sobre os conceitos de espaço, lugar e deslocamento, de modo a caracterizá-lo e a salientar suas peculiaridades. No decorrer deste período foram estudadas as reflexões dos autores Michel de Certeau; Doreen Massey; Marc Augé referentes a discussão proposta nesta pesquisa que serão brevemente apresentadas neste trabalho.

Palavras-chave: Sertão. Espaço. Lugar. Mobilidade. Marcelino Freire.


A NECESSIDADE DA PERIODIZAÇÃO PARA UMA LEITURA DE
AS AVENTURAS DE HUCKLEBERRY FINN, NO SÉCULO XXI

Eduardo Alves de Deus Barbizan, edubarbizan03@gmail.com
Carla Alexandra Ferreira, carlaufscar@gmail.com
Letras – Universidade Federal de São Carlos
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq

Para melhor entendermos as várias obras literárias, de diferentes períodos e autores, faz-se necessário considerar os fatos e os acontecimentos que marcaram a história relacionada a esses escritores e obras. Isso porque as obras não são neutras e sempre deixam traços metafóricos da época em que foram escritas. Entendemos que as mudanças que ocorreram nas sociedades, no decorrer das décadas e séculos estão presentes na Literatura, de forma artística. Samuel Langhorn Clemens (1835 – 1910), mais conhecido pelo pseudônimo de Mark Twain, é um importante escritor do realismo norte-americano do final do século XIX. Cresceu na cidade ribeirinha do rio Mississipi de Hannibal, no Missouri. Esse grandioso rio é retratado de maneira criativa e assim desenvolvendo uma nova corrente literária dentro do Realismo daquela literatura nacional. As obras realistas de Twain propõem um compromisso com essa estética literária para além de seus temas. Por meio do uso de uma linguagem coloquial, de gírias, dialetos sulistas e da descrição da natureza daquele local, ele busca um retrato da verdade conflituosa do pós-Guerra de Secessão e rompe com opiniões estabelecidas pela sociedade de sua época. Com isso, temos na obra um tom libertador e um modo de dizer a verdade. Para o desenvolvimento dessa temática, Twain transmite o poder da palavra às personagens que figuram pessoas sociais não ouvidas naquele momento. Com isso, o autor ultrapassa as barreiras da sociedade escravista do Sul do século XIX, nos Estados Unidos da América. Podemos observar que há uma ruptura da tradição literária também, uma vez que os escritores norte-americanos do início do século XIX, preocupavam-se majoritariamente com as questões estéticas de suas produções, pois buscavam a superioridade sobre os padrões ingleses. As Aventuras de Huckleberry Finn (1884), continuação do livro As Aventuras de Tom Sawyer (1876), é considerada a obra prima de Twain. Nela o escritor narra várias histórias do personagem Huckleberry Finn na vila ribeirinha do rio Mississípi de St. Petersburgo e o cotidiano de uma sociedade do final do século XIX. Como companheiro de suas peripécias temos Jim, um escravo que foge para não ser vendido para as lavouras do sul, sem saber que estava prestes a ser alforriado. Observamos que o autor além de atribuir voz a Huck, realiza a reflexão sobre aspectos da complexidade humana e moral da sociedade do final do século XIX a partir da relação dessas duas personagens. A análise desse texto literário foi concebida por meio de uma leitura dialética do romance conforme proposto por Fredric Jameson (1992), Antonio Candido (1970) e Roberto Schwarz (1987) no sentido de se verificar o diálogo entre o texto (elementos estéticos) e seu contexto político-social de produção. Desse modo, a leitura do corpus foi efetuada em três estágios de leitura, a saber: I) a leitura romanesca em que se destacam uma história  infanto-juvenil marcada pelo humor. Neste nível foram detectadas contradições que deveriam ser investigadas para uma leitura mais ampla do texto; II) No segundo estágio, buscou-se analisar as lacunas e contradições resultantes do nível anterior de leitura, a partir do diálogo entre o contexto de produção da série com sua organização estética; III) No último estágio de análise do corpus, os fragmentos detectados no segundo nível foram reinseridos no todo da História, como proposto por Fredric Jameson (1992), momento em que se dá uma ampliação da leitura inicial para, por fim, se entender que com auxílio da contextualização do livro Mark Twain, a partir dos resultados obtidos, a acusação de preconceito e racismo envolvendo essa obra pertencente à literatura infanto-juvenil. Respeitando as especificidades do período literário em que se está inserido, Mark Twain leva para sua obra a realidade de sua época, principalmente as lutas e dificuldades enfrentadas por escravos e ex-escravos para sobreviverem. Pensar esse romance de Twain pelo olhar do público do século XXI, sem sombra de dúvidas trará atritos de valores, pois hoje, a sociedade difere daquela da época em que o livro foi escrito no final do século XIX; muitas mudanças aconteceram nessas sociedades, abrangendo questões políticas, religiosas, entre outros. Seguindo a necessidade da periodização proposta por Jameson, há a que se revisitar a História dos Estados Unidos da América, para assim, abordarmos a retratação da questão racial do final do século XIX presente no texto ficcional de Mark Twain. Sendo assim, realizamos um estudo comparativo entre os fatos históricos que ocorreram na sociedade norte-americana do final do século XIX, e sobre os pensamentos do século XXI, contextualizando o livro As Aventuras de Huckleberry Finn de Mark Twain, na tentativa de demonstrar à sociedade atual, aos educadores e leitores, que necessitamos considerar os acontecimentos históricos, nesse caso o período pós-abolição, nas interpretações dessa obra literária. Portanto, propomos que seja considerado um novo contexto de produção, de conhecimento e negociação de sentidos, para assim, esclarecer os confrontos que ocorrem no processo de construção de sentido entre os leitores e o texto literário de Mark Twain. Nossa leitura do romance de Mark Twain, investiga e amplia a interpretação, da mesma, para além da questão de valor. Assim, destacamos a necessidade da periodização para se pensar o lugar deste texto literário sobre o tema escravidão.

Palavras-chave: Literatura infantil, periodização, História Norte Americana.


A POESIA ROMÂNTICA DE FAGUNDES VARELLA:
LEITURA DE VOZES D’AMÉRICA (1864)

Rebeca Aparecida Mega (G); Wilton José Marques (O).
<rebeca_mega@hotmail.com>; < will@ufscar.br>.
Licenciatura Plena em Letras (Português/Espanhol),
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

A proposta do presente Trabalho de Conclusão de Curso (em andamento) filtra-se no estudo analítico da obra Vozes d’América (1864), de Luis Nicolau Fagundes Varella. Sob a ótica dos Estudos Oitocentistas, os trabalhos de pesquisa acadêmica acerca da criação poética do escritor brasileiro – tida como difícil em face da história, crítica e psicologia literárias – pouco ou nada tem se mobilizado no aspecto da decomposição das produções deste recorte temporal em detrimento do caso estético bastante particular que representa Varella. Além de discussões inerentes ao processo de criação literária da obra-objeto, o breve olhar se manifestará, em especial, na produção de ensaios dedicados aos poemas Tristesa, O exilado e O foragido, nos quais observa-se sobremaneira o trilhar de um decadentismo que ultrapassa o próprio Romantismo – movimento no qual se convencionou classificar o autor. Apresentar-se-á, neste mesmo ensejo, um ensaio dedicado ao poema Aurora, empenhado em discutir, em sua chave de leitura, a simbologia do chamado “Sistema de Mundo”, termo cunhado pelo biógrafo e crítico Leonardo Froés (1990) e que colabora, em larga escala, para o entendimento da obra analisada tomando por base a espécie (a brasileirice) de religião primitiva da natureza (esplêndida e admirável) na América, Sistema este que, espiritualmente, entoa as Vozes do continente americano por toda a parte.

Palavras-chave: Literatura Brasileira; poesia romântica; L. N. Fagundes Varella; Vozes d’América; século XIX.


HOMOFOBIA E DISCURSO: UMA ANÁLISE DAS RELAÇÕES INTERDISCURSIVAS A PARTIR DO PENSAMENTO DE MICHEL FOUCAULT

Autor: André Luiz Russignoli Martines (e-mail: andre.andrerussignoli@yahoo.com.br)
Orientadora: Profa. Dra. Vanice Sargentini (e-mail: sargentini@uol.com.br)
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) - Licenciatura Plena em Letras (Português/Inglês)
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

Esta pesquisa visa a compreender o discurso sobre a homofobia, o qual se constitui a partir de relações interdiscursivas. O tema da homofobia vem sendo o centro de muitas discussões nos últimos anos, gesto do qual decorre um processo de (re) produção de discursos acerca desta problemática. Tais discursos são enunciados por sujeitos sócio-historicamente posicionados, motivo pelo qual há uma heterogeneidade que os engendra, tendo em vista a existência dessas enunciações variadas. Para elucidar, o próprio conceito de homofobia varia de acordo com o sujeito que o enuncia, posto que na materialidade dos enunciados há vários saberes presentes, os quais constituem determinado discurso sobre a homofobia. Esses saberes mobilizados são provenientes de diversos campos, tais como a mídia, a religião, a medicina social e o direito. Sendo assim, o objetivo desta pesquisa é o de compreender as relações de interdiscursividade presentes no discurso sobre a homofobia, centrando-se na análise de enunciados, chamando a atenção sobre as recorrências e as estratégias discursivas dos sujeitos enunciadores. Mobiliza-se, enquanto dispositivo teórico-metodológico, a Análise do Discurso Francesa na perspectiva do filósofo francês Michel Foucault (1926-1984), cuja obra contribuiu de modo decisivo com a construção da teoria na qual calcamos esta pesquisa; bem como lançou um olhar outro para categorias comumente estudadas pelas ciências humanas, como o sujeito, a loucura, a sexualidade e o poder. Em termos metodológicos, através da análise dos enunciados, identifica-se no corpus que determinado discurso sobre a homofobia é constituído de modo bastante heterogêneo e descontínuo, isto é, esses saberes provenientes de várias ordens dispõem-se na História de um modo não linear. E, ao estabelecer uma relação entre saberes e poderes, Foucault afirma que onde existe um saber, há também, investida, alguma forma de poder. Os saberes e poderes, portanto, estão relacionados e presentes na materialidade dos discursos. Em relação ao discurso sobre a homofobia, considerando-se o corpus de análise, trata-se de discursos inscritos em formações discursivas da Mídia e da Religião (campos que privilegiamos nas análises), bem como da Medicina Social e do Direito (campos que também estão presentes de modo relacional), os quais, numa rede complexa de enunciações, estão em confluência, tangência e/ou embates. Quanto aos resultados obtidos, nota-se a variância do conceito de homofobia, ora enunciado como um simples ódio irracional, ora enunciado com mais profundidade crítica, denotando as causas e os efeitos da homofobia na sociedade. Verifica-se, também, a presença marcante da Medicina Social e do Direito, especificamente, enquanto campos que conferem aos discursos sobre a homofobia um certo caráter de confiabilidade, tendo em vista a importância sócio-política desses campos no contexto histórico da modernidade. O desenvolvimento de uma pesquisa em Análise do Discurso que aborde a temática da homofobia se constitui uma produção científica relevante na comunidade acadêmica e, principalmente, na sociedade em geral, posto que os discursos de igualdade, de valorização das diferenças e de combate às formas de violência estão em voga na atual conjuntura histórica. Importância também em termos epistemológicos, tendo em vista o uso e a reflexão crítica da teoria da Análise do Discurso, mobilizada aqui enquanto importante ferramenta teórico-metodológica na compreensão da problemática da homofobia.

Palavras-chave: Homofobia; Discurso; Michel Foucault; Interdiscurso; Análise do Discurso.


CLUBE DE AUTORES E WATTPAD: PLATAFORMAS DE
AUTOPUBLICAÇÃO E POSIÇÃO AUTOR

Vitória F. Doretto, Ana Abreu (O)
vickydoretto@gmail.com, anaabreu@ufscar.br
Letras/Universidade Federal de São Carlos

Autopublicar um livro é hoje uma realidade muito comum para diversas pessoas que desejam ingressar no mercado editorial, tanto brasileiro quanto internacional, o que nos dá margem para analisar as transformações que ocorrem na, tão já discutida por Foucault, função autor. Afinal, como afirma Alemar Rena, ainda há espaço para se falar sobre as novidades em relação à figura do autor, graças ao surgimento e ganho de espaço das novas tecnologias digitais, com “possibilidades de processos criativos, construção de linguagem e distribuição e acesso às obras artísticas e literárias” (2009). Assim, nosso objetivo é analisar essas novas questões que surgem no campo da autoria e para isso apresentaremos um recorte de nossa pesquisa, na qual analisamos semelhanças e diferenças, no que se refere à posição autor, encontradas entre a plataforma de autopublicação Clube de Autores – primeiro site brasileiro que permite a publicação gratuita de livros de forma cem por cento sob demanda, sendo que o autor pode “carregar seu livro”, escolher quanto deseja ganhar pela sua venda e disponibilizá-lo em várias lojas online sem pagar por isso – e o Wattpad, plataforma de leitura/autopublicação canadense que tem ganhado cada vez mais espaço entre leitores e autores nacionais.

Palavras-chave: autopublicação, clube de autores, wattpad, autoria digital.


ENTRE O PECADO, A DOENÇA E O DELITO: REPRESENTAÇÕES DA HOMOSSEXUALIDADE EM O PECADO DE JOÃO AGONIA DE BERNARDO SANTARENO

Simone Pereira (IC) sihpereira@gmail.com
Prof. Dr. Jorge Vicente Valentim (O) jvvalentim@gmail.com
Departamento de Letras / UFSCar

O presente trabalho resulta da pesquisa que objetiva analisar a peça O pecado de João Agonia de Bernardo Santareno, buscando entender como o autor traz o olhar para a personagem homossexual no contexto da Ditadura Salazarista em Portugal, além de sublinhar o caráter trágico da personagem homossexual na incompletude da realização de seu desejo homoerótico em um meio social onde a homossexualidade era vista como pecado, doença e delito. Bernardo Santareno foi um autor importante no cenário da segunda metade do século XX em Portugal, pois foi um escritor comprometido com seu povo. Principalmente em seus textos dramáticos relacionava questões de existência humana com questões sociais. A obra O pecado de João Agonia foi escrita em 1961, permeada por questionamentos do conservadorismo da sociedade portuguesa daquela época. A história se passa em um ambiente serrano, onde João Agonia passa por conflitos internos ao ter que lidar com sua homossexualidade. João Agonia passa um tempo servindo ao exército em Lisboa, e quando volta para casa seu segredo é revelado para sua família pelo seu primo Manuel que também servia ao exército. A partir daí o “não-dito” vai se disseminando ao longo da obra, e no final como “resolução” do problema a família opta pela morte de João Agonia. Através da obra Estudos sobre teatro de Bertold Brecht se analisará como Bernardo Santareno apropria-se de procedimentos estéticos consonantes com as fontes teóricas do teatro moderno e constrói um discurso dramático de resistência em O pecado de João Agonia.

Palavras-chave: homoerostimo, o pecado, João Agonia.


ANÁLISE DISCURSIVA DAS REPRESENTAÇÕES DE LIVREIROS ACERCA DA LEITURA

Camila Martins de Oliveira – camioliveira26@hotmail.com
Orientadora: Profa. Dra. Luzmara Curcino Ferreira – luzcf@hotmail.com
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

No presente trabalho, inscrito na filiação teórica da Análise de Discurso francesa derivada dos trabalhos de Michel Pêcheux e Michel Foucault, e também apoiado em alguns princípios da História Cultural, desenvolvidos especialmente acerca da história do livro e da leitura, sobretudo aqueles descritos pelo historiador e estudioso das práticas e representações da leitura e do leitor, Roger Chartier, pretendemos realizar um levantamento de representações de leitores e de práticas de leitura, a partir da realização e análise de entrevistas com dois livreiros de bancas populares em São Carlos, interior de São Paulo, versando sobre os tipos de livros e as formas de aquisição e leitura de livros, na atualidade. A partir das declarações feitas pelos livreiros percebemos que há discursos comuns, assim como distintos que são assumidos e enunciados ao longo da entrevista. Notamos nos depoimentos que há semelhanças e divergências em seus dizeres, formando assim determinadas posições que nos remetem a formações discursivas específicas, em que se pode depreender a influência da mídia, por meio de campanhas publicitárias de incentivo à leitura, que contribuem para a produção e manutenção de certos mitos sobre a leitura como manifesto no enunciado “Quem lê viaja”. A circulação desses enunciados contribui para a construção de um imaginário comum, que reitera afirmações como a de que antigamente as pessoas se interessavam mais pela leitura. Sendo assim, observando a constituição dos discursos de cada livreiro, como se estabelece seu posicionamento em relação às práticas e representações de leitura, constatamos a partilha de um imaginário comum sobre a leitura, assim como formas específicas de enxergar e de se posicionar diante das questões relacionadas à leitura e da configuração de um sujeito leitor.

Palavras-chave: Análise do discurso. Representações discursivas da leitura. Declarações de livreiros.


TENDÊNCIAS BYRONIANAS EM "A NEBULOSA" (1857),
DE JOAQUIM MANOEL DE MACEDO

Maíra Aparecida Pedroso de Moraes Benedito - mairapmbenedito@gmail.com
Orientador: Wilton José Marques - will@ufscar.br
Licenciatura em Letras Português/Inglês
Universidade Federal de São Carlos UFSCar
FAPESP

Este projeto de iniciação científica com o apoio financeiro da FAPESP teve como objetivo investigar a obra “A Nebulosa” (1857) de Joaquim Manuel de Macedo. O autor, apesar de conhecido pelos seus romances que retrataram a burguesia ascendente da camada urbana brasileira, possuiu outras facetas e incorporou diversos estilos em suas composições. A obra analisada em questão, publicada na forma de livro em 1857 aponta para uma construção nos moldes do romance europeu, mais especificamente seguindo a vertente do escritor George Gordon Byron. Como resultado desta pesquisa conseguiu-se estabelecer relações entre o poema-romance pessimista de paixões irrealizadas de Macedo e a obra poética de Lord Byron, efetuando comparações e realizando um percurso histórico da recepção destas em terras nacionais. O método de investigação se deu pela leitura e reflexão do aporte teórico básico de pesquisadores sobre Macedo e o Byronismo no Brasil tais como: Onédia Barbosa (1974); Brito Broca (1979);  ngela Costa (2006); Pires de Almeida (1962); Mario Praz (1996) e Tania Serra (1994), o livro brasileiro em análise e a coletânea de poesias de Lord Byron.


Palavras-chave: literatura brasileira, romantismo, literatura comparada, byronismo, A Nebulosa, Joaquim Manoel de Macedo.


RITOS GENÉTICOS EDITORIAIS EM FANDOMS: A MEDIAÇÃO DAS BETA-READERS

Amanda Guimarães, Luciana Salazar Salgado (amanda.guimaraes@live.co.uk, lucianasalazarsalgado@gmail.com)
Letras – Inglês, UFSCar
FAPESP

Com base no quadro teórico da Análise do Discurso de tradição francesa, especialmente em desdobramentos recentes propostos por Dominique Maingueneau (2006, 2008, 2010), analisamos a questão da criação e da autoria no “mundo dos fãs”, mobilizando os conceitos de discurso constituinte, ritos genéticos e paratopia criadora, com ênfase em suas correlações, para estudar materiais obtidos a partir do site Archive of Our Own, pertencente à Organization for Transformative Works, uma organização feita de fãs para fãs a fim de preservar a história dos fandoms – comunidades de fãs com interesses similares que interagem e participam de atividades de fãs por meio de discussões ou trabalhos criativos, como as fanfics (ficções escritas por fãs) – e apoiar qualquer tipo de trabalho feito pelos mesmos. A partir disso, tentamos contribuir para a sistematização de categorias nos estudos linguístico-discursivos das fanfics, ao identificar os aspectos do fandom que influenciam a escrita das fanfics e, assim, verificar quanto da autoria se pode atribuir tecnicamente à fanfic writer (a autora das fanfics), à beta-reader (a sua editora/revisora) e ao texto-fonte, considerando as três instâncias apontadas por Maingueneau como constitutivas da paratopia criadora (a saber, pessoa, inscritor e escritor), que se entrelaçam em um nó borromeano, indiciando implicações recíprocas. Com isso, pretendemos verificar como se dá o atravessamento do interdiscurso no material que foi criado, que é um trabalho sobre um texto-fonte que tem alguns de seus elementos reescritos e remodelados sempre com a perspectiva da cultura de fãs, mais especificamente, da comunidade constituída em torno de dadas regras e possibilidades de experimentação. Para tanto, focalizamos a preparação de um texto a ser publicado, seu processo de edição. Ao nos debruçamos na análise no material cedido pela autora Vague_Shadows, levantamos a hipótese de que o material literário dos fandoms põe problemas para a noção de discurso constituinte, uma vez que é, por definição, um trabalho derivado: não seria literatura, então? Pretendemos, impulsionados por esse achado, compreender melhor a organização e o funcionamento dessa autoria, que está intimamente ligado ao processo de mediação editorial que se dá no mundo dos fãs.

Palavras-chave: mediação editorial, cultura de fãs,  discurso constituinte


UMA ANÁLISE DO SITE PRACTICA ESPAÑOL: REFLEXÕES SOBRE O APRENDIZADO AUTÔNOMO DA LÍNGUA ESPANHOLA POR FALANTES BRASILEIROS

Nair Renata Amâncio (nairrenataamancio@gmail.com)
Isadora Valencise Gregolin (isadora.gregolin@gmail.com)
Licenciatura em Letras – UFSCar

Neste trabalho apresentaremos resultados de pesquisa de iniciação científica, desenvolvida no âmbito do Programa Unificado de Iniciação Científica e Tecnológica (PUICT), cujo objetivo foi analisar se os recursos disponíveis de forma gratuita no site Practica Español possibilitam o desenvolvimento e construção de conhecimento sobre a língua espanhola de forma autônoma por falantes brasileiros. Metodologicamente, a pesquisa descreveu, categorizou e analisou os recursos didáticos disponíveis, voltados especialmente para desenvolvimento de habilidades de compreensão oral e escrita, baseando-se em princípios teóricos e metodológicos propostos pelos Parâmetros e Orientações Nacionais (BRASIL, 2000 e 2006). Como resultados de nossas análises, foi possível identificar que os recursos disponíveis alinham-se às questões propostas por Prensky (2010), acerca da web como um novo espaço de aprendizagem a nativos e imigrantes digitais. Os resultados evidenciaram, também, que os recursos oferecidos pelo Practica Español não possibilitam o desenvolvimento de habilidades de produção oral e escrita e de interação na língua estrangeira. Nesse sentido, contribui com o processo de autonomia do aluno brasileiro em suas habilidades de compreensão, pois este pode realizar individualmente atividades autoinstrucionais de compreensão de textos de diferentes gêneros, orais e escritos, em língua espanhola. A proximidade entre as línguas portuguesa e espanhola favorece a autonomia do aluno na escolha de seu percurso formativo, uma vez que cada aluno pode buscar atividades de seu interesse por determinados temas, de sua livre escolha, o que permite que entre em contato com uma diversidade de conteúdos linguísticos, gramaticais e temáticos de acordo com os seus interesses e necessidades. Concluímos que o Practica Español pode complementar aulas de espanhol como língua estrangeira, porém como recurso utilizado de forma única limita o tipo de conhecimento desenvolvido. Os atuais alunos, nativos e imigrantes digitais, precisam possuir conhecimento e direcionamento sobre as ferramentas, pois como aponta Gregolin (2009), somente o trabalho com práticas linguísticas significativas pode garantir ao falante uma inserção com autonomia no âmbito do aprendizado do espanhol como língua estrangeira.

Palavras-chave: Aprendizado Espanhol. Tecnologia.


A NARRATIVA POÉTICA DE NOSSOS OSSOS, DE MARCELINO FREIRE

Jéssica Domingues ANGELI (angelijd@gmail.com)
Guacira Marcondes MACHADO (guacira@fclar.unesp.br)
Faculdade de Ciências e Letras/UNESP – Araraquara
PIBIC/CNPq

A narrativa poética, conforme definição de Jean-Yves Tadié (1978), é um gênero híbrido, uma narrativa em prosa cujos procedimentos de ação e efeito remetem ao poema: contém elementos da narrativa – autor, narrador, protagonista, enredo, espaço e tempo – e do poema – estrutura, mito, estilo e, em menor escala, ritmo, sonoridade e repetição. O narrador, que também é o protagonista, recebe traços biográficos do autor e, soberano, mantém submissos o tempo, o espaço e os demais personagens, que só existem em função dele: são seres de papel, destituídos de complexidade e profundidade psicológica. A narrativa poética se desenvolve em torno de uma viagem orientada e simbólica, empreendida pelo autor/narrador/protagonista, em busca da sua identidade. Esse desejo pelo autoconhecimento conduz a narrativa à revelação e ao retorno a um estado “primitivo”, por meio de recordações, o que confere à obra um caráter mítico. Partindo dessa perspectiva, o trabalho analisará Nossos Ossos (2014), de Marcelino Freire, observando como o narrador/protagonista do romance e sua viagem até Sertânia, sua terra natal, em Pernambuco, conferem traços da narrativa poética à obra. O trabalho prevê a mobilização de textos teóricos a respeito da constituição do narrador-protagonista, espaço, tempo e personagem, bem como da relação que se estabelece entre os elementos da narrativa, de um lado, e da poética, de outro, que compõem essa estrutura híbrida. Além disso, a articulação de textos críticos a respeito do conjunto da obra do autor, enfatizando a presença de elementos poéticos em seus contos. Ao analisar a construção do narrador/personagem, observando os aspectos da narrativa e da poética que contribuem para o todo de sentido da obra, espera-se problematizar, nessa “prosa longa”, a presença da estrutura híbrida definida por Ralph Freedman (1971) e Jean-Yves Tadié (1978) e a estreita relação que o romance estabelece com uma narrativa mítica.

Palavras chave: narrativa. poética. nossos. ossos. Marcelino. Freire.


A DESSACRALIZAÇÃO MITOLÓGICA E OS ABISMOS DA SOLIDÃO NA VELHICE: UMA LEITURA DE MEDEIA, DE MÁRIO CLÁUDIO

Autor: João Gabriel Mistura (artejoaogabriel@outlook.com)
Orientador: Dr. Jorge Vicente Valentim (jvvalentim@gmail.com)
Letras: Português/Espanhol – Universidade Federal de São Carlos

O objetivo desta pesquisa é refletir sobre o tema do envelhecimento e da condição social à qual é atirado o ser que está a envelhecer. A obra Medeia, do escritor português Mário Cláudio, traz uma possível releitura da tragédia grega, porém, em moldes contemporâneos com ricos com aspectos atuais, evidenciando frustrações, obsessões e dores que transpassam o tempo. A personagem Medeia, de Mário Cláudio, consagrada atriz de teatro, deixada pelo marido que agora possui uma companheira mais jovem que ela, é perseguidora incansável da Medeia de Eurípides. Numa possível busca pela realização catártica de sua fúria, procura incansavelmente levar a famosa peça aos palcos portugueses para incorporar à própria voz os urros de Medeia. Entretanto, sentindo nos ombros o peso de ser deixada para trás até mesmo no mundo profissional, tem seu pedido negado pela gestão cultural de sua cidade inúmeras vezes. Paralelamente, vê ao espelho sua beleza se esvair - assim como o prestígio que lhe fora atribuído ao longo de sua carreira -, ao mesmo tempo em que o teatro que lhe ascendera e consagrara parcialmente desaba. O gran finale comporta, assim, no mesmo chão, os cacos da protagonista e de seu teatro. Este estudo pretende investigar a profunda solidão em que se encontra a protagonista através das revelações que a mesma faz em seus solilóquios e suas atitudes, no decorrer da trama. Além disso, propõe-se, aqui, uma leitura da dessacralização do mito grego numa nova face de Medeia. Esta, enquanto envelhece, embora carregue o mesmo ímpeto de vingança, transferindo os horrores infanticidas de sua inspiradora Medeia clássica  para a tramoia de inclinar os filhos ao pleno fracasso, retira do nome Medeia o sagrado poder da invulnerabilidade temporal. Esta análise tem como aporte teórico a obra A Velhice, de Simone de Beauvoir (1989), e O valor do riso e outros ensaios, de Virgínia Woolf (2014). Procuraremos observar, ainda, uma breve indagação sobre a possibilidade de inserção de outro mito, presente na contemporaneidade, na composição desta Medeia: o da maternidade. A anti-heroína cria uma atmosfera de condenação para si própria, justificada no mau destino dos filhos, desconsiderando o pai, outros familiares, a mídia, a escola e quaisquer outros ambientes como agentes tão influenciadores quanto ela na educação dos dois filhos que gerou. Esta indagação intui questionar sobre a condição que nossa cultura destina a mulher, tendo em vista os diversos discursos que sobrevivem ainda com a afirmação de que se realizar como mulher significa situar-se como excelente mãe e esposa (a de filhos vencedores e maridos satisfeitos). Deste modo, a responsabilização social pelo destino de todos os entes de um grupo familiar na figura da mulher poderá ser uma hipótese sobre como a Medeia, de Mário Cláudio, afundou-se num misto de autoculpabilidade e decepção com o mundo a seu redor. 

Palavras-chave: Medeia. Mário Cláudio. Literatura Portuguesa. Teatro. Mitos.


PROCEDIMENTOS DE RECONHECIMENTO E CONSTRUÇÃO DA NARRAÇÃO E DA PRESCRIÇÃO EM AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: UM RELATO DE FORMAÇÃO DOCENTE NO ÂMBITO DO PIBID/UFSCar

Andrei Cezar da SILVA (bolsista do PIBID) *andrei_silva29@hotmail.com
Rosangela P. SOUZA (bolsista do PIBID, em 2014)
Luzmara CURCINO (orientadora do PIBID) *luzcf@hotmail.com
José Maria Loureiro Diniz (supervisor do PIBID, em 2014)
Edileide Konichi (professora regente em 2014 de Língua Portuguesa na EMEB)
Licenciatura Plena em Letras – Português e Inglês – LEI – PIBID/UFSCar

No âmbito da Feira do Conhecimento da EMEB “Profa. Dalila Galli” – São Carlos/SP, realizada em 26 de Setembro de 2014, foram apresentados os resultados das atividades desenvolvidas ao longo do semestre, na disciplina de língua portuguesa junto à turma do 7º ano A, relativas às habilidades de reconhecimento, produção e circulação de certos gêneros discursivos compostos especialmente de sequências narrativas e prescritivas, com o objetivo de seu aprendizado. O objetivo específico da apresentação dos resultados das atividades com essas tipologias (narração e prescrição) foi definido pela professora regente e visava demonstrar ao público da feira, com base no que fora estudado em sala, as especificidades de dois gêneros discursivos em suas funções pragmáticas, usos linguísticos, formas de circulação, em que predominassem a narração e a prescrição, a saber, Letras de Música do estilo Rock e Receita. Entre as atividades desenvolvidas, e apresentadas na feira, encontra-se a construção de um mapa gastronômico do Brasil, ilustrado em cartolina, colorido e dividido por suas cinco regiões, em que os participantes podiam demonstrar seu conhecimento dos hábitos alimentares do brasileiro, selecionando imagens de comidas que se encontravam ao lado do mapa e montando as receitas e indicando a origem regional do prato ao fixarem essas imagens no mapa. Além dessa atividade, que visava demonstrar o domínio das características de textos prescritivos, foi estimulada a participação coletiva na elaboração e na exposição de uma “Receita do Amor”. Para o trabalho com a narração, nos valemos do gênero letra de música, cuja escolha específica recaiu sobre aquelas em que predominavam a ação de narrar. Definida a letra de música que melhor representava essa habilidade de narrar – “Anjos” da banda Legião Urbana – foram apresentados os materiais usados em sala para a discussão sobre a letra e sobre a habilidade em foco, que consistia na apresentação, sob a forma de um banner, da biografia do vocalista, Renato Russo, e de sua discografia, assim como na exposição de outras letras de música também representativas do gênero tipológico narrativo. A participação efetiva dos alunos na construção dos materiais de exposição da atividade junto à feira, as explicações do trabalho que apresentavam aos visitantes da feira, o seu desempenho nas atividades avaliativas que exploraram as características desses gêneros tipológicos (narração e prescrição) e dos gêneros discursivos que os exemplificaram (letra de música e receita), demonstraram a apreensão efetiva, por parte dos alunos, das especificidades próprias desses gêneros que devem ser consideradas na leitura e na escrita de textos.

Palavras-chave: Narração; Prescrição; Ensino de leitura e escrita.


A POESIA, O IMAGINÁRIO POPULAR E A PRESENÇA DA
CULTURA BRASILEIRA NA SALA DE AULA

 Giovana Ernesto, Andrezza J. P. Oliveira, Luzmara Curcino
(g.ii.ka@hotmail.com, andrezza.jaquier@gmail.com, luzcf@hotmail.com)
Letras- UFSCar
PIBID- Capes

O presente trabalho resulta de nossa atuação como bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID - UFSCar, sob a coordenação da Profa Dra Luzmara Curcino, em parceria com a professora de Língua Portuguesa, Edileide Konichi, e com o supervisor José Maria Loureiro Diniz, na EMEB Dalila Galli, junto aos alunos do 7º ano do ensino fundamental II, que consistiu no apoio a atividades de leitura e de produção escrita de textos do gênero poesia, em especial, de cordel. O objetivo de nosso projeto foi o de levar à sala de aula formas populares de expressão da cultura brasileira, por meio da poesia, apresentando-lhes o gênero Cordel, a sua origem sociocultural, as suas formas de produção e circulação peculiares, a sua estrutura formal e rítmica. Desse modo, objetivamos promover a leitura oralizada e dramatizada, em sala de aula, a interpretação dos temas e dos recursos empregados em sua expressão simbólica, poética e regional, assim como estimular a escrita desse gênero e de outros textos de gênero poético. Para tanto, empreendemos a leitura de diversos poemas brasileiros de variadas origens e períodos literários – de sonetos clássicos a poemas concretistas, de modo a explorarmos as diferenças e semelhanças de estruturas formais e rítmicas próprias de textos desse gênero; procedemos em seguida à interpretação coletiva, em sala de aula, desses  poemas; e, por fim, incentivamos a produção textual de poemas diversos e de cordéis, em específico, que foi então exibida na Feira do Conhecimento, promovida pela escola EMEB Dalila  Galli, no 2º semestre  de 2014. Além da exposição das produções textuais dos alunos, tal como tradicionalmente os cordéis são expostos em feiras, a mostra na Feira consistiu na leitura dramatizada, pelos alunos, do cordel “A menina que dançou depois de morta”, de J Borges, o mais conhecido xilogravador do Nordeste. As diversas atividades de leitura e de escrita de poemas e cordéis promoveram não apenas o conhecimento desse tipo de texto como também a sua apreciação estética, por parte dos alunos, que se engajaram na escrita de textos bem como em suas sucessivas reescritas, frente às correções e sugestões empreendidas pela professora regente e por nós bolsistas ao longo das aulas. Esse processo permitiu-lhes compreender que a produção poética não diz respeito à capacidade de que apenas alguns indivíduos disporiam para a produção desse gênero, mas também, e sobretudo, ao esforço individual e coletivo, ao trabalho de descoberta e de produção intensos, à reflexão e reescrita sucessivas que estão implicadas em toda e qualquer atividade de criação.

Palavras-chave: Poesia. Cordel. Literatura. Leitura. Produção de texto.


UM (POSSÍVEL) PARALELO ENTRE A TEMÁTICA DA MORTE EM
JUAN RULFO E GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ

Autor: Gabriel Henrique Miletta (gabriel_miletta@yahoo.com.br)
Orientadora: Profª. Drª. Joyce Ferraz Infante (ferrazrj@uol.com.br)
Letras: Português/Espanhol – Universidade Federal de São Carlos

Esta pesquisa objetiva analisar alguns elementos que compõem a complexa estrutura narrativa do único romance do escritor mexicano Juan Rulfo, Pedro Páramo (que teve sua primeira edição original em 1955), em comparação com o livro de contos do escritor colombiano Gabriel García Márquez, Ojos de perro azul, lançado em 1974. A análise partirá de dois pontos centrais, que se apresentam como traços comuns a ambas as obras: a temática da morte (como uma presença inevitável e como síntese de toda uma experiência de vida) e as vozes dos narradores, que contam post mortem suas histórias. Por conta do rompimento das barreiras existentes entre a vida e a morte, as personagens (tanto do romance quanto dos contos) nos mostram uma atmosfera narrativa guiada e relatada por mortos. Para a realização da análise, será utilizada a obra já citada de Juan Rulfo em paralelo com alguns contos selecionados do livro de García Márquez. Vale ainda destacar, por fim, que em dezembro de 2003 o escritor colombiano Gabriel García Márquez declarou, durante um programa de rádio, que Juan Rulfo proporcionou a ele um caminho para continuar seus livros, e que o descobrimento desse escritor mexicano será um capítulo essencial de suas memórias.

Palavras-chave: literatura hispano-americana; Gabriel García Márquez; Juan Rulfo; narratologia.


PELO SERTÃO: DESLOCAMENTO, ESPAÇO E SUBJETIVIDADE EM LIVRO DOS HOMENS, DE RONALDO CORREIA DE BRITO

Gabriel Capelossi Ferrone (gabrielcapelossi@hotmail.com); Juliana Santini (jsantini@fclar.unesp.br)
Letras – Faculdade de Ciências e Letras/UNESP – campus Araraquara
CAPES.

O presente trabalho trata-se de uma Iniciação Científica que busca, a partir de questionamentos de G. Wink e M. de Certeau sobre as definições de espaço e as relações entre elas, problematizar as diferentes representações deste conceito no âmbito literário; tomando-o não apenas como uma representação geográfica da narrativa, mas, sim, como um conjunto de dimensões sociais, históricas e subjetivas que influem no âmbito da espacialidade artística. A partir disso, este projeto propõe uma reflexão sobre o modo como o sertão é representado na ficção de Ronaldo C. de Brito, especialmente no livro de contos Livro dos homens, de 2005. Sertão este que, associado à obra de Brito, é intimamente ligado a questões de identidade, transitoriedade e fixidez de suas personagens, como ocorre em O que veio de longe, primeira narrativa do volume, em que, a partir do relato popular, cria-se a figura de um santo e, com ele, toda uma identidade de um povo que não conhece outros espaços. O trabalho demanda uma apreensão teórico-crítica de conceitos a partir de pesquisas bibliográficas sobre espacialidade e deslocamento na literatura brasileira contemporânea que, depois de terminadas, colaborarão em análises narrativas individuais dos contos. Mesmo em fase inicial, é possível afirmar que o sertão, em alguns contos, aparece como espaço da tradição que, a partir da narrativa, evidencia um processo de construção identitária sob as óticas da transitoriedade ou imobilidade das personagens.

Palavras chave: sertão, espaço, lugar, deslocamento, literatura contemporânea.


O DESDOBRAR DA POESIA: OS LIMITES DO INDIZÍVEL,
EM POESIA LIBERDADE, DE MURILO MENDES.

Cavelagna, Rodrigo. (Autor); Martha, Diana J. B.(Orientadora)
rodcavelagna@gmail.com
Departamento de Letras, Universidade Federal de São Carlos;
CNPQ - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

O presente trabalho é parte de uma pesquisa acerca da reflexão metalinguística que há em Poesia Liberdade (1947), de Murilo Mendes, sobretudo no que se refere ao “desdobrar da poesia em planos múltiplos”, tema caro na obra do poeta. No livro em questão são recorrentes as imagens da Segunda Guerra Mundial, mas esse não é, a nosso ver, o movimento central da obra. O poeta não busca apenas compreender a guerra e a função política e social de seu trabalho, mas sim o que decorre dessa posição: a reflexão sobre os limites de uma linguagem possível no contexto em que se insere – não só a guerra, mas também a ditadura varguista e as questões da vanguarda artística. Dessa busca derivam os temas centrais da obra: a perda da sacralidade da arte e do poeta; a impossibilidade de alcançar o divino depois da consumação do pecado original; a vida como espera, expectação, do fim dos tempos; a recorrência de temas bíblicos e marxistas; e, principalmente, o papel redentor da poesia, capaz de libertar o homem. Para desenvolver esta pesquisa faz-se necessário um estudo da fortuna crítica sobre a poética de Murilo Mendes, baseado em trabalhos consagrados como os de Candido (1958), Bosi (1994), Guimarães (1986), Carpeux (1960), Araújo (2000), Moura (1995) e Campos (2004). Em seguida, será feito um estudo sobre a lírica moderna, tendo como parâmetro os trabalhos de Friedrich (1978), Hamburger (2007), além de largo estudo sobre as vanguardas, pois a proposta do livro de Mendes atende grandemente à ideia de categorias negativas, bem como articula religião e política, aspectos bastante discutidos por ambos os críticos, por meio de um discurso de vanguarda. Após esse estudo, passaremos para a análise do corpus selecionado, composto de quinze poemas, visando compreender o que causa e o que resulta dessa preocupação metalinguística. Para isso, seguiremos de perto as reflexões de Walter Benjamin, suas teorias sobre: as consequências do trauma; as teses “Sobre o conceito de história” (1940); a perda da aura na arte; a construção das imagens dialéticas; os estudos sobre linguagem e tradução – ponto em que nos aproximaremos de Derrida (1987). Nosso percurso partirá sempre do poema, visando abrir as interpretações de Poesia Liberdade, de maneira hermenêutica.

Palavras-chave: Murilo Mendes; Poesia Liberdade; metalinguagem; Walter Benjamin; desdobrar.


CONTRADIÇÕES DA EXPRESSÃO LITERÁRIA DO MODERNISMO NA REVISTA RAÇA (1927-1934) DO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS/SP

Mayra de Souza Fontebasso (mayra.fontebasso@gmail.com)
Orientador: Prof. Dr. Wilton José Marques
Licenciatura em Letras, UFSCar
CNPq/PIBIC

Fruto da pesquisa Os modernistas e a revista Raça (1927-1934), que analisa parte da produção literária de escritores como Cassiano Ricardo e Menotti Del Picchia, vinculados ao verde-amarelismo do modernismo brasileiro, além de colaborações de Carlos Drummond e Mário de Andrade para compreender em relação tais produções na revista e o contexto histórico de então; este trabalho, possível graças ao acervo pessoal do jornalista são-carlense Octavio C. Damiano aos cuidados da autarquia municipal Fundação Pró-Memória de São Carlos, apresenta a revista em suas principais contradições. Pautado em estudos de historiografia literária posteriores às etapas de investigação, levantamento e sistematização prévia de fontes primárias de informação, os resultados iniciais apontam que as contradições estéticas e políticas da época comuns ao momento literário dos anos 20 e 30 evidenciam-se na revista Raça, visto a publicação alinhar-se ao conservadorismo das oligarquias paulistas desprestigiadas nas posições de poder da nova ordem articulada após a instauração do regime republicano, embora simultaneamente promova-se como legítima expressão de vanguarda (Viviane Gelado, 2006). Nesse sentido, propomos a discussão sobre as contradições na expressão literária de caráter modernista que, por sua vez, subjuga-se em Raça à exaltação dos costumes da elite local – o que se verifica, dentre outros, a partir de seções editoriais de tom encomiástico às grandes personalidades locais. Assim, tal incoerência editorial ilustra certo servilismo devido ao financiamento provavelmente recebido pelos editores e advindo de membros da oligarquia, e certo populismo justificador de grande parte do consumo de suas obras (Antonio Candido, 2007). Estas tematizarão a “resuscitação de bandeiras heroínas” (Editorial, n. 1) em referência ao bandeirismo paulista, aderindo a um ideário nativista que sobrevaloriza o dado local invocando um imaginário popular que culmina com a concepção de novos personagens míticos – e paulistas – para o país que então passava por um movimento de necessárias “renovação” e “integração” nacionais (Edgar Carone, 1965). Conclui-se, pois, que o espírito de vanguarda entoado pelo projeto da revista Raça, tributário de artifícios que remontam ao Romantismo com a finalidade de defender o status quo da oligarquia ressentida de então, permitem caracterizar a publicação como a expressão literária contraditória de uma falsa vanguarda modernista, nos termos de Antonio A. Prado (2010).

Palavras-chave: Revista Raça (1927-1934). Modernismo Verde-Amarelo. Falsa Vanguarda. Bandeirismo Paulista. Fundação Pró-Memória de São Carlos – SP.


O CÂNONE EM RELEITURA: O OLHAR FEMININO DE NATÁLIA CORREIA NA OBRA D. JOÃO E JULIETA

Oliveira, Andrezza J. P. (IC); Valentim, Jorge V. (O);
andrezza.jaquier@gmail.com, jvvalentim@gmail.com
Departamento de Letras, Universidade Federal de São Carlos

O presente trabalho resulta da pesquisa que objetiva analisar a peça D. João e Julieta da escritora portuguesa Natália Correia, buscando entender a dessacralização e, por consequência, a desconstrução do mito de D. Juan e da personagem shakespeariana Julieta, ligadas pelo viés estético de uma escrita feminina, a partir da lição deixada por Agustina Bessa-Luís (1985), para quem as mulheres têm uma capacidade sensível de olhar para coisas que os homens ignoram. Natália Correia foi uma importante escritora no cenário português. Sempre engajada, principalmente, com as questões femininas e com a busca da liberdade política e social para as mulheres, algumas de suas obras foram obscurecidas pela ditatura salazarista, sobretudo, o seu teatro. Nesse contexto, de gavetas encerradas, encontra-se a obra a ser estudada, escrita em 1959, mas que só se tornou conhecida do público em 1999, após a morte da autora, motivo pelo qual muito pouco se encontre em termos de estudos sobre a obra. Esta possui três atos e, como o próprio título enseja, apresenta o encontro de duas personagens consagradas por autores masculinos no teatro mundial: o mito de D. Juan com a personagem Julieta, da conhecida obra de Shakespeare Romeu e Julieta. Porém, ambos são desconstruídos por Natália: o primeiro está velho e cansado das conquistas amorosas, não está mais na posição de sedutor. Ele, agora, é seduzido por Julieta, que encarna Vênus, a própria deusa do amor, e chega ao âmago do conquistador que, convencido da sua alma de Romeu, escolhe junto a sua amada o suicídio no mar. Deste modo, o mito donjuanesco é reconstruído dentro do universo português, com nítidas inferências camonianas, como aquela em que o poeta declara as mudanças nos papéis dos atores no ato amoroso: “Transforma-se o amador na coisa amada / Pela virtude do muito imaginar.” Entretanto, no fim do terceiro ato, descobrimos que Julieta é uma paciente fugida de um manicômio, cuja loucura a faz realmente crer que é aquela de Verona. Longe, portanto, de toda a melancolia da tragédia lírica de Shakespeare, observa-se um efeito cômico que conduz ao desconcerto ironizante ao amor fulmen. A obra é muito rica em termos de composição, posto que, além dos personagens principais, há todo o círculo social de D. João, presente no baile de máscaras fornecido por ele. Cercado de hipocrisia, cabe ao anfitrião desmascarar tais situações, confirmando, assim, a máxima de Ian Watt (1997), para quem o mito donjuanesco não difere essencialmente das pessoas a sua volta, ele só é mais corajoso.

Palavras-chave: Escrita feminina; Teatro português; Natália Correia.


O CONVÍVIO DE LÍNGUAS EM CIUDAD DEL ESTE, PARAGUAI

Autora: Sara Regina Jorge Braga, Orientadora: Profa Dra Rosa Yokota.
E-mails: sarabraga86@gmail.com – rosayokota@yahoo.com
Curso de Letras – Universidade Federal de São Carlos – UFSCar

Este trabalho tem como objetivo investigar a situação linguística do Paraguai, e mais especificamente de Ciudad del Este (Cidade do Leste, em português). Através de entrevistas a um grupo de pessoas desta cidade, buscamos mostrar como é a relação dos participantes com as línguas que são oficiais no país, o castelhano e o guarani, e também, com o português, língua adicional bastante utilizada devido à grande circulação do comércio e da forte presença de brasileiros nesta região. Também visamos compreender a relação destas pessoas com o que se classifica como yopará (definição em castelhano) e jopará (definição em guarani). Para entender como se formou a distribuição linguística desta região, abordamos brevemente aspectos históricos, desde chegada de colonizadores europeus nesta região da América do Sul até os dias atuais no país. Da sociolinguística, tomaremos termos como “bilinguismo” e “diglossia” e analisaremos, especificamente, o caso da região de Ciudad del Este. Através de uma seleção de perguntas para compor um questionário, elaboramos algumas seções de entrevistas, nas quais almejamos compreender a importância dada por este grupo de pessoas às línguas faladas no país, e, mais especificamente, na cidade em que foi feita a coleta de dados desta pesquisa. Pudemos concluir com este trabalho que existe de fato uma relação diglóssica no Paraguai, na qual cada língua possui seu âmbito extremamente delimitado, sendo o castelhano a língua formal, utilizada em contextos profissionais e acadêmicos, e o guarani a língua informal, utilizada em situações familiares. Dada esta situação, temos claramente a divisão entre línguas de maior e menor prestígio, respectivamente, conceituado por Meliá (1986). Há ainda a presença do português, como língua presente nas situações de comércio. Está presente também o jopará, “produto linguístico” para o qual ainda não há uma definição. Porém, muitas pessoas o classificam como uma “mistura” de línguas, com presença de ambos os idiomas oficiais, castelhano e guarani, e algumas, já o utilizam como um sinônimo do que seria, atualmente, o guarani.

Palavras-chave: Castelhano, guarani, jopará, Paraguai.


AS FIGURAS DO PÁRIA NA LITERATURA ANGOLANA:
O SUJEITO (IN) VISÍVEL EM CONTOS DE JOÃO MELO

Argemira, Paloma da S.(G)¹; Valentim, Jorge V(CO)².
 ¹Discente do Curso de Licenciatura em Letras da Universidade Federal de São Carlos
²Docente do Departamento de Letras da UFSCar e Coordenador do Programa de Pós- Graduação em Estudos de Literatura da UFSCar
*palomaargsilva@gmail.com

O escritor angolano João Melo nasceu em Luanda, em 1955. Produziu doze obras de poemas, além disso, cinco obras de contos e um ensaio, destacando-se como um escritor fundamental nas Literaturas Africanas de Língua Portuguesa. O objetivo deste trabalho é analisar os seguintes contos: “Tio, me dá só cem” e “O Feto” (da obra Os filhos da Pátria, 2008) por meio do viés sociológico (CANDIDO, 2004), centrando-se na figura do pária, e do mesmo modo, apontar a crise de identidade unida ao discurso dos personagens. O sujeito pária é retratado, com base em Eleni Varikas (2014), como o invisível, o sem lei, e inserido numa “classe de homens” considerada indigna de participar dos benefícios da sociedade. Para a análise dos dois contos, apoiaremo-nos, igualmente, na teoria pós-colonial, com base em Inocência Mata (2011) que descreve a importância destes estudos nas literaturas africanas de língua protuguesa, uma vez que contribui para formular uma crítica que se torne uma “estratégia de resistência a sistemas de conformação da tendência hierarquizante da diferença, por exemplo, o eurocentrismo”. Além disso, também nos deteremos na efabulação da narrativa e dos personagens, objetivando observar o lugar a que estes sujeitos são destinados, qual seja, a margem da invisibilidade. Conforme Bauman (1998), todas as sociedades geram estranhos, ou seja, um conjunto de pessoas que não se unem na relação cognitiva, moral ou estilística do mundo. Ademais, o autor propõe através dos contos destacar a crise de identidade em que o país se encontra, o que é fulcral nos contos, pois os dois personagens principais sempre são motivados em seus discursos por terem sido expulsos de suas terras, em virtude das guerras e da dominação colonial. De acordo com Candido (2004, p. 175), a tríade autor, obra e público está totalmente interligada, uma vez que o autor quando cria a sua obra propõe valores morais e intelectuais, gerando assim um sentindo na qual vai “confirmar e negar, visa e denuncia, apoia e combate, fornecendo a possibilidade de vivermos dialeticamente os problemas”.

Palavras-chave: Literatura angolana – Pária – Identidade – João Melo.


A TÉCNICA TOTAL PHYSICAL RESPONSE (TPR) NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA PARA CRIANÇAS (LIC): CONSIDERAÇÕES SOBRE A MOTIVAÇÃO NOS ALUNOS

Monique Vanzo Spasiani - moniquespasiani@gmail.com
Sandra Regina Buttros Gattolin (orientadora) - sandragattolin@gmail.com
Letras - Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Apesar de seu crescente e mundial reconhecimento linguístico e pedagógico, o processo de ensino-aprendizagem de Língua Inglesa (LI) no Brasil ainda é bastante problemático, principalmente se observarmos a esfera educacional pública do país. Ao transpormos essa questão para o ensino-aprendizagem de LI para Crianças (LIC), o problema se agrava ainda mais, uma vez que, dentre outras barreiras, há a não obrigatoriedade do ensino de Língua Estrangeira (LE) nos anos iniciais do Ensino Fundamental (EF) da rede pública e a ausência de profissionais formados e capacitados para ensinar LE na infância. Assim, dadas essas ausências e falhas, este trabalho pretende investigar, bem como propor, atividades alternativas que sejam pertinentes e direcionadas ao ensino-aprendizagem de LIC, oferecendo ao docente maior sistematização e não o deixando à mercê do livro didático ou de suas intuições. Para isso, planeja-se testar a técnica Total Physical Response (TPR), desenvolvida por James Asher, e avaliar os seus possíveis resultados nesse campo, já que, de acordo com alguns autores (GATTOLIN, 1998; NORTE, 1992; entre outros),ela proporciona uma atmosfera motivadora e explora todo o potencial de aprendizagem de crianças, as quais podem “[...] interessar-se por tópicos complicados, difíceis e também abstratos, desde que se sintam confortáveis, ou seja, livres de pressão e motivadas.” (ROCHA, 2009, p. 250). Segundo Larsen-Freeman (2000), o TPR propõe o ensino de LE em um contexto de comandos e ações, aproximando o seu aprendizado com o da Língua Materna (LM) e garantindo uma experiência agradável aos alunos. Por meio de uma metodologia qualitativa de cunho interpretativista, busca-se fazer isso em contexto de um instituto de idiomas, com alunas de aproximadamente 9 anos de idade, ambas matriculadas no 4o ano do EF, por um período de aproximadamente 2 meses. Entende-se que os resultados alcançados podem em muito contribuir para o ensino-aprendizagem de LIC no contexto brasileiro, orientando as práticas pedagógicas dos profissionais da área de ensino de LE e apresentando-lhes diferentes maneiras de lidar com essa faixa-etária em sala de aula.

Palavras-chave: Ensino-aprendizagem de LE. Ensino de inglês para crianças. LIC. TPR. Motivação.