SEGUNDA-FEIRA, 16/11
14h - Apresentação Artística
Tribal Fusion
Bárbara Bhadra
Local: Anfiteatro Bento Prado Jr.
O estilo tribal teve início no final dos anos 60,
quando a bailarina de dança do ventre Jamila Salimpour (EUA) viajou pelo
Oriente e encantou-se com a cultura dos povos com os quais teve contato.
Jamila, então, passou a agregar elementos daquelas culturas em suas
coreografias e figurinos, criando um novo estilo de dança. O estilo foi se
aprimorando, até que, nos anos 90, a bailarina Carolena Nericcio idealizou o
ATS (American Tribal Style), cujos movimentos foram inspirados por danças
folclóricas do Oriente Médio e da Índia, e da Dança Flamenca. O ATS apresenta
movimentos próprios e elementos característicos, como a indumentária e as
apresentações sempre em grupos. Dessa dança nasceu o Tribal Fusion ou Dança
Étnica Contemporânea, que funde elementos de diversas danças e formas de arte,
o que confere grande expressividade ao estilo. Bárbara Bhadra tem
experiência em danças orientais há mais de 10 anos e ministra aulas de Tribal
Fusion no Studio Neyma Al Najmah e de Dança do Ventre no ComDança Centro de
Movimento, em São Carlos – SP. Participou de cursos com um dos principais nomes
do Tribal Fusion, a bailarina Rachel Brice (EUA), e está em constante estudo
com outros profissionais considerados referências na área. A artista apresenta
a coreografia “Raízes Pulsantes”, fruto do contato da bailarina com uma das
vertentes do Tribal Fusion, o Tribal Brasileiro. Tal vertente funde o Tribal
Fusion com danças brasileiras, como o Maracatu, o Carimbó e o Coco e ritmos e
danças africanas, como o Afoxé. A coreografia é a experimentação de um novo
estilo pela bailarina, devido ao seu encanto pelo Tribal Brasileiro.
14h-15h40: Palestra
Paralelos
entre criação e a individuação
Isadora Krieger
Local: Anfiteatro Bento Prado Jr.
A autora Isadora Krieger propõe um bate-papo a
partir do processo de criação do seu romance e da leitura de livros de outros
autores, nos quais há questões que transcendem o cotidiano, investigações que
vão além do eu subjetivo, que se aproximam do que o psicanalista Carl G. Jung
chamou de "si-mesmo", o símbolo da totalidade do ser humano. Também
dentro do tema serão analisados personagens do seu livro "Memória da
Bananeira", outsiders que lidaram com sentimentos desencadeados pela
sensação de um pujante vazio interior e de uma inadequação, a percepção da
condição de "peregrinus microcosmus", o ser humano que peregrina como
estrangeiro. Será abordada a possibilidade de ocorrer transformações psíquicas
e espirituais no próprio autor; antes, durante e depois da execução de uma
obra, fazendo assim paralelos entre o processo de criação e o de
individuação. A autora lerá fragmentos seus e de Lucas Paolo Vilalta,
poemas de Augusto Meneghin, Matheus Torres e Pedro Spigolon.
16h-18h40:
Palestra
Orfeu: mago,
sacerdote e poeta
Fábio Gerônimo (UNESP/Araraquara)
Local: Anfiteatro Bento Prado Jr.
O herói Orfeu tem sido concebido não apenas como
personagem mitológico, presente na literatura clássica e posterior, mas um
símbolo que representa a própria poesia e sobretudo a persona poética. Ele
aparece como referencial para diversos artistas, das artes plásticas à música,
e fundamental principalmente à literatura. Em língua portuguesa, de Jorge de
Lima e seu Invenção de Orfeu a Vinícius de Moraes e seu Orfeu da Conceição, é
possível enumerar diversos poetas que, até a modernidade, buscam o mito órfico
como a referência da semente poética primeira: a do mago, do filho dos
mistérios iniciáticos que ao mesmo tempo é músico e poeta. Porém, são parcas as
fontes na literatura grega nas quais Orfeu aparece como personagem. Seu nome
não aparece nem em Homero, nem em Hesíodo, que são tidos como os patronos da
poesia épica pelos próprios gregos, ao lado do próprio Orfeu. Bernabé (2012, p.
12) observa que autores antigos, como Aristóteles, chegaram até a duvidar da
existência de um Orfeu. Devido ao seu caráter místico, Orfeu esteve sempre
ligado aos chamados cultos de mistério da Grécia antiga, principalmente o
orfismo, que tinha dentre seus princípios as noções de reencarnação e origem
divina da alma – conceitos que influenciaram desde os pitagóricos até o próprio
Platão. O orfismo foi uma das mais fortes correntes religiosas a surgirem na
Grécia antiga, e perdurou no imaginário além dessa época. É sobre esse
personagem e seus dois principais mitos – o da viagem ao lado dos Argonautas em
busca do velocino de ouro, e da descida ao Hades em busca de sua amada – que
pretendemos falar, além de buscar apresentar as principais fontes não apenas
sobre o personagem, mas sobre o orfismo e tudo o que influenciou
significativamente a perspectiva que temos sobre o personagem até os dias
atuais.
18h45: Intervenção Artística
Grupo Silenciário
Atores: Gustavo Primo, João Gabriel Bruscato Mistura, Raquel Silveira, Simone Pereira, Vitor Pereira
Atores: Gustavo Primo, João Gabriel Bruscato Mistura, Raquel Silveira, Simone Pereira, Vitor Pereira
Local: Anfiteatro Bento Prado Jr.
Um tesouro, se evocado com consentimento.
Uma doença, se a nós imposto. Ao longo da vida, colecionamos vários tipos de
silêncio. Nesta intervenção de abertura da 19a Jornada de Letras, várias
almas silenciosas receberão os participantes, fazendo tocar uma lira no
interior de cada um, dando voz aos inúmeros silêncios que nos habitam.
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19h-22h00: Palestra de Abertura
Os dilemas da tradução da prosa
literária
Caetano Galindo (UFPR)
Local: Anfiteatro Bento Prado Jr.
Via de regra as discussões sobre tradução acabam
tendendo a uma visada excessivamente teórica. Quando, nelas, aborda-se mais
diretamente a prática, essa abordagem tende a enfocar a poesia. Claro que essas
duas tendências só são "problemáticas" se nós calharmos de preferir
uma abordagem mais prática da tradução de prosa literária. Como, no entanto, é
exatamente isso que pretendo abordar nesta fala, será bem esse o nosso viés.
Problemas conceituais (o que é a tradução da prosa literária? qual o estatuto
do texto traduzido?) e problemas práticos (a responsabilidade pelo "efeito"
literário, em micro e em macro escala; o texto literário como texto
auto-reflexivo; a questão sociolinguística comparativa) surgidos da lida direta
com o texto literário em prosa pretendem gerar uma visão não necessariamente
"técnica", mas pretensamente mais embasada no efetivo embate com o
texto literário.
22h: Sessão de autógrafos e Sarau
Local: Espaço Múltiplo
A escritora Isadora Krieger e o escritor Agusto Meneghin vão vender e autografar seus livros.
Depois teremos espaço para confraternizar e fazer um Sarau, se tiver interessado é só chegar com seu poema, texto ou ideia e participar.
Depois teremos espaço para confraternizar e fazer um Sarau, se tiver interessado é só chegar com seu poema, texto ou ideia e participar.
TERÇA-FEIRA, 17/11
10h-12h:
Minicurso 1
António Lobo
Antunes e o mal-estar no mundo: observar, prever, intervir
André Corrêa de Sá (UFSCar)
Local: Sala 226 (AT 10)
Neste minicurso, que se desenvolve na interface
entre Literatura e Medicina, analisaremos o universo depressivo das narrativas
de António Lobo Antunes e a ação catártica do seu discurso, defendendo que a
polifonia antuniana tem pontos de contato irrecusáveis com a psicoterapia
analítica de grupo. A partir desta perspetiva, é nosso objetivo propor uma
reavaliação da atmosfera de disforia e pessimismo em função da qual geralmente
se carateriza a obra do escritor.
14h-17h40 – Workshop
Tradução da prosa contemporânea
de língua inglesa
Caetano Galindo (UFPR)
Local: Auditório 2 (BCo)
Nesta oficina vamos analisar um trecho de um
romance inédito de um romancista inglês. Esse capítulo foi apresentado pelo
autor para uma oficina internacional de tradução em Paraty, em 2014. De lá para
cá, com autorização dele, venho usando o mesmo trecho como material para
disciplinas de prática de tradução. Tanto em Paraty quanto na UFPR, a ideia vem
sendo a de uma leitura conjunta do texto (o que possibilita, no caso da UFPR, a
integração inclusive de alunos cuja segunda língua não é o inglês) e,
igualmente, a elaboração de uma tradução conjunta, de consenso. Com base nessa
prática anterior, e contando com as versão já preparadas por duas turmas no
Bacharelado de Estudos da Tradução da UFPR e pelos tradutores reunidos em
Paraty, vamos ler o breve capítulo, destacando seus eventuais problemas de
tradução e, num segundo momento, pensar em soluções para esses problemas. Com
isso, espero poder abordar alguns dos mais típicos problemas de tradução da
prosa contemporânea.
18h-19h:
Sessão de Pôsteres
Local: Anexo do Anfiteatro Bento Prado Jr.
19h-20h40:
Minicurso 2
O papel da
pronúncia nas aulas de espanhol como língua estrangeira
Cristiane Silva (UNESP/Araraquara)
Local: Anfiteatro Bento Prado Jr.
A pronúncia é uma das habilidades que todo
estudante precisa dominar quando está em processo de aprendizagem de uma língua
estrangeira. Por essa razão, o ensino da pronúncia deveria, necessariamente,
fazer parte de qualquer grade curricular de ensino de língua estrangeira e,
além disso, deveria ser incorporado às atividades em sala de aula. Apesar de
ser um dos aspectos fundamentais da aprendizagem de uma língua estrangeira, a
pronúncia tem recebido pouca atenção no ensino de E/LE para falantes
brasileiros. Dessa maneira, este minicurso tem por objetivo discutir os principais
fatores que determinam a aprendizagem da pronúncia em língua estrangeira,
traçar algumas considerações a respeito da variação linguística em espanhol e,
consequentemente,discutir qual modelo de pronúncia ensinar. Além disso, serão
apresentados alguns métodos de ensino de línguas estrangeiras (articulatório,
audiolingual e comunicativo) e será observado qual o papel da pronúncia em cada
um desses métodos. Finalmente, trataremos do uso das novas tecnologias para o
ensino/aprendizagem da pronúncia de E/LE.
21h-22h40: Palestra
Falantes (des)viados: linguística
queer e mudança social
Rodrigo Borba (UFRJ)
Local: Anfiteatro Bento Prado Jr.
As provocações e o deboche queer se alastraram
rizomaticamente por diversas áreas do fazer científico. Hoje, podemos falar em
antropologia queer, psicologia queer, geografia queer, historiografia queer,
literatura queer, etnografia queer... Esta conferência visa aventar a
possibilidade de uma linguística queer. À primeira vista, este sintagma pode
parecer um paradoxo. Afinal, como a linguística, disciplina tida como a “mãe”
do estruturalismo, se relaciona com a “filha” mais rebelde do
pós-estruturalismo? Desde a década de 1990, estudioses da linguagem no contexto
anglo-saxão têm se debruçado sobre a questão de como a linguística pode trazer
ganhos para as inquietações queer e, centralmente, sobre como o escracho queer
pode trazer ganhos para a linguística. A palestra versará sobre esse debate e
pretende argumentar que linguística queer não é um paradoxo, mas sim um
oximoro; cada um dos termos do par retroalimenta o outro e oferece um poderoso
aparato analítico para a crítica dos processos de construção discursiva de
(hetero/homo)normatividades e seus efeitos materiais nos corpos e nas
subjetividades interpelados nesse processo. Com esse pano de fundo, a discussão
pretende argumentar que a linguística queer tem a otencialidade de enfrentar a
crítica mais ferrenha que a teoria queer tem recebido nos mais diversos
contextos: o fato de que, como uma teoria radicalmente pós-estruturalista e
ferrenhamente anti-essencialista, ela se preste pouco para fomentar a mudança
social, pois não tem relação com os entendimentos e as categorias locais que
guiam as vidas diárias das pessoas (Kirsch, 2001; Hall, 2013). Longe de ser uma
ciência “de gabinete”, por assim dizer, a linguística queer se interessa
exatamente pela situcionalidade macrossociológica e micro-interacional das
práticas sociais diárias e, por isso mesmo, tem a potencialidade de fornecer
ferramentas críticas para a mudança linguística e social.
QUARTA-FEIRA, 18/11
10h-12h: Minicurso 3
Linguística queer na sala de
aula: alternativas para (des)aprender pelas diferenças
Rodrigo Borba (UFRJ)
Local: Sala 226 (AT 10)
Segundo Motschenbacher (2011), a linguística queer
se presta, centralmente, para o estudo crítico dos efeitos normatizadores (e,
portanto, desumanizadores) da heteronormatividade no âmbito mais ínfimo (mas
nem por isso, menos importante) de nossa existência social, notadamente a
linguagem-em-uso. Com esse objetivo em perspectiva, o estudo linguístico por um
viés queer parte de um sincretismo teórico-analítico: o discurso é entendido
tanto no sentido amplo (i.e. macro) de “práticas que formam sistematicamente os
objetos de que falam” (Foucault, 1972:64) como no sentido mais específico (i.e.
micro) de linguagem-em-uso. Assim, o estudo crítico de como discursos
macrossociológicos sobre sujeitos abjetos (Butler, 1993) – aqueles/as que em
seus corpos e subjetividades não vinculam linearmente sexo, gênero, desejo, e
práticas sexuais – se materializam nos mais variados níveis linguísticos (como
a morfologia e a sintaxe, por exemplo) nos fornece um poderoso aparato para
que, em nossas salas de aula, possamos fomentar práticas de (des)aprendizado
pelas diferenças. Nesse cenário, este minicurso visa a gestar discussões
teóricas e atividades práticas sobre as potencialidades pedagógicas da
linguística queer para o ensino de línguas.
14h-15h40: Palestra
A pesquisa em literatura:
percursos e percalços
(Inéditos de Machado de Assis e
José de Alencar)
Wilton Marques (UFSCar)
Local: Auditório 2 (BCo)
Discussão sobre o processo de pesquisa em
literatura, sobretudo a partir das recentes descobertas de textos inéditos de
Machado de Assis e de José de Alencar.
16h-17h40:
Minicurso 4
Silêncio e palavra
na poesia brasileira contemporânea
Diana Junkes (UFSCar)
Local: Auditório 2 (BCo)
O objetivo desde minicurso é oferecer aos
participantes, por meio da leitura de poemas brasileiros contemporâneos, alguns
parâmetros para a reflexão acerca da importância do silêncio na poesia recente,
tanto no que diz respeito ao seu ingresso nos textos como procedimento
estético, quanto em termos daquilo que se tematiza em torno do dito e
não-dito, do interdito e do impossível de dizer. Serão lidos poemas de Orides
Fontela, Paulo Henriques Britto, Marcos Siscar e Hilda Hilst.
19h: Apresentação Artística
Mineirinho (monólogo teatral)
João Gabriel Bruscato Mistura
Local: Anfiteatro Bento Prado Jr.
Herói nas favelas cariocas; grande ameaça
social à classe dominante - Mineirinho teve seu corpo treze vezes varado por
tiros de metralhadoras, após ser capturado por policiais que compunham um grupo
de cerca de cem homens, determinados a capturá-lo a qualquer custo. Mineirinho
é título de uma crônica de Clarice Lispector, publicada em junho de 1962, na
Edição n. 40 da revista Senhor. José Miranda Rosa, o Mineirinho, fora um
criminoso nascido em Minas Gerais e que habitara o Rio de Janeiro num tempo em
que ações de grupos de extermínio buscavam uma extensa lavagem das ruas da
cidade com o sangue daqueles que se encontravam alheios à lei, imersos à
completa miséria material e a nenhuma perspectiva de desenvolvimento sadio. A
força narrativa de Clarice Lispector nos conduz a inúmeros questionamentos
sociais, políticos e sobre nossas capacidades de sanidade e de loucura. Esta
cena pretende apresentar um recorte de toda a profundidade de tal crônica,
mergulhando no intervalo em que o corpo de Mineirinho permanecera inerte e
oculto, jogado numa rodovia, após o homem ser brutalmente assassinado; buscando
revelações subjetivas - possivelmente inalcançáveis - sobre o que de violento compõe
o humano. Texto: Crônica de Clarice Lispector (Adaptação). Interpretação e
criação: João Gabriel Bruscato Mistura.
19h-22h00: Palestra de
Encerramento
A paixão
Almeida Faria (Portugal)
Local: Anfiteatro Bento Prado Jr.
Autor da Tetralogia Lusitânia (A paixão, 1965; Cortes,
1978; Lusitânia, 1980; Cavaleiro Andante, 1983), Almeida Faria falará sobre
aspectos no seu processo de criação literária, os temas mais centrais de
suas obras, a sua relação com o público leitor, bem como com a crítica. Centro
da polêmica entre Vergílio Ferreira e Alexandre Pinheiro Torres, quando da
publicação do seu primeiro romance (Rumor branco, 1962), o escritor irá abordar
a sua trajetória como ficcionista, dramaturgo e ensaísta ao longo da
segunda metade do século XX. A experiência de criação nos anos da ditadura
salazarista, a euforia vivida nos anos sucedâneos à Revolução dos Cravos, em
1974, e as expectativas em relação a situação atual do país. Sempre com o
foco centrado na sua obra, esta mesa tem como objetivo destacar a paixão do escritor
pela criação literária ao longo de sua trajetória artística.